Marcos, no alto dos seus 30 anos, está muito estressado com seu trabalho. Todos os dias conversa e fala sobre os problemas enfrentados, a falta de profissionalismo e até mesmo de respeito que enfrenta no ambiente de trabalho. Por tudo que conta, parece mesmo ser um ambiente tóxico. Além disso, Marcos gostaria de trabalhar em outra área, completamente diferente. Tem sonhos, acredita que suas ideias dariam certo e sabe de seu potencial.
Conversando com ele e o incentivando a seguir suas ideias, começam os poréns. Se sente velho, não é bem assim para conseguir o que deseja, precisa de investimento alto. E até que seu trabalho, no fim das contas, não é tão ruim assim. Por mais que reclame semanalmente e se sinta um pouco esgotado com tudo, é isso que fala quando questionado sobre mudanças.
A arte de reclamar
Esse relato acima é real e muito comum com pessoas do meu convívio. O Marcos citado pode ser a Julia que você conhece, o Pedro, o Bruno ou a Carla. A questão é: a insatisfação existe e é citada várias vezes, mas nada é feito para que mude a situação.
Ideias não faltam em momentos de conversa. Algumas um pouco difíceis de executar, outras bem fáceis e possíveis. Mas na hora de dar o próximo passo nada acontece.
Fiquei pensando por algum tempo sobre isso antes de escrever. É claro que uma ação bem comum e cotidiana é reclamar. Seja do tempo, do sol, da chuva, do chefe, do trânsito, do namorado ou namorada, da política. Uma pessoa reclama como uma espécie de desabafo, na total expectativa de ser ouvida e que o outro lado concorde com o que ela está falando. O que eu não acho muito bom, porque gastamos nossa energia em algo até certo ponto desnecessário.
É claro que de vez em quando vamos reclamar de alguma coisa e faz parte. Mas um grupo de amigos se reunir para reclamar de alguma situação, alguma coisa específica, e passar muito tempo só reclamando da vida, não faz bem. Não sou especialista, mas sei disso e sei que você concorda.
Acontece que algumas dessas pessoas são especialistas. A especialidade é a arte da reclamação. Na falta de saber sobre o que falar, o que conversar e interagir com as pessoas próximas, usa de um artifício que sabe que na maioria dos casos vai dar certo: reclamar.
Nada como uma reclamação do chefe ou da política para puxar um assunto em uma roda de conversa. Ou até mesmo online. Você está em uma reunião esperando alguém entrar e as conversas antes disso giram em torno de reclamações.
Cada um faz o que quer de sua vida, claro. Mas pense você que está lendo esse texto o quanto pode estar sendo saudável para sua cabeça, sua energia, viver reclamando ou ouvindo reclamações. E se faz algum sentido nisso.
Agora, voltando ao tema inicial, assim como há pessoas que só reclamam por hábito, outras estão insatisfeitas e querem mudar de verdade. Mas não sabem o que fazer ou não se acham capazes.
O medo da mudança
O frio na barriga e a falta de esperança para uma possível mudança ocorrem nas mais variadas situações. Não são apenas grandes passos que causam medo ou falta de confiança. O meu podcast mais escutado é sobre como criar um e-book. Algo bem simples e fácil de fazer, mas que muitos devem ter algum medo, uma insegurança e procuram informações sobre isso. Publicar um e-book basicamente é escrever no word, editar e publicar. Sem investimentos, sem autorização do MEC. Nada disso.
Com meu projeto, percebi que passos simples, como esse citado agora, já causam insegurança. As pessoas não estão com medo de abrirem uma empresa em um pavilhão gigante com 100 funcionários. O que dá frio na barriga é a exposição do trabalho, a parte burocrática que parece muito distante. O desconhecimento de determinados assuntos. E está tudo bem, porque hoje na internet temos tudo disponível. Basta pesquisar com calma sobre os temas.
A internet, que pode e deve ser nossa aliada, também é a causadora de medos desnecessários, que fazem com que as pessoas travem antes mesmo de começar. A mania de grandeza, de ter uma grande empresa desde o início, ser super produtivo o tempo todo e ter retornos financeiros altíssimos desde o primeiro dia acaba freando o surgimento de grandes ideias e pessoas que podem sair de suas insatisfações profissionais.
Se você tem alguma ideia, quer começar algum projeto ou está totalmente insatisfeito com o seu trabalho, então aos poucos, um pouquinho por dia, é possível ver alternativas para isso.
Você não precisa “largar tudo” e ir em busca do seu propósito (contém muita ironia). Não precisa estar milionário nos primeiros seis meses para ser sinônimo de sucesso.
Comece pelo mais simples. Hoje mesmo, sem sair do seu trabalho, pesquise sobre suas preferências. E ainda sem sair do seu trabalho, tire um tempo por dia. Vamos pensar em uma hora por dia, na parte da noite ou de manhã cedo. Se dedique uma hora por dia ao seu novo projeto, ao seu futuro trabalho. Sem pressão, mas vá fazendo e sentindo. Você ainda nem sabe se vai gostar do que pretende fazer. Use esse período como teste.
Pesquise com calma
E se pretende mudar de trabalho e seguir trabalhando como funcionário, tudo bem. Aproveite para pesquisar outras oportunidades, marque entrevistas, envie mensagens para as empresas e fale do seu trabalho, do seu interesse em trabalhar com determinada empresa. Sem grandes saltos e aventuras desnecessárias, sem grandes medos como o de ficar sem dinheiro para pagar as contas, você vai conseguir ir percebendo o que quer fazer e dar seus primeiros passos para ter um trabalho que pelo menos seja melhor do que o que está hoje. Partindo da ideia de que está insatisfeito.
Aos poucos as ideias vão surgindo, você vai sentindo se está no caminho certo. E se não achar que está, é só parar. E começar de novo de outra forma quiser.
Sei que isso é super clichê e vai parecer papo de coach, mas pense bem.
Lembre-se que se você está insatisfeito com seu trabalho e pensa que pode ter algo melhor, que explore mais sua criatividade, seu conhecimento ou mesmo tenha um ambiente menos estressante, ficar sem fazer nada e só reclamar em grupos de amigos é a única forma de fazer com que a situação não mude.
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