A maravilhosa série Better Caul Saul

Eu sou do time que prefere ler em vez de assistir. Poucas séries ou filmes me fizeram parar para assistir com calma, gostando dos conteúdos e aproveitando ao máximo toda a experiência.

Better Caul Saul sem dúvidas foi uma delas. Depois de ver Breaking Bad pela primeira vez e não entender tanto a genialidade da série, na falta do que assistir e para entender melhor porque falavam tão bem dessa obra, resolvi dar uma chance para o canastrão Saul Goodman (Bob Odenkirk) e conhecer sua história. E que história!

Durante os sete anos da jornada de BCS, assisti pela segunda vez Breaking Bad. Dessa vez com calma e entendendo tudo, percebendo tudo que fez essa série ser um marco na televisão.

Breaking Bad é incrível. Próximo da perfeição. Mas arrisco dizer que Better Caul Saul, seu spin-off, é muito melhor que a série original. Mas muito melhor mesmo!


(Lembrando que esse texto tem spoilers do último episódio. Leia por sua conta e risco)

Todos nós somos pessoas boas, mas cometemos deslizes durante a vida. Assim como todos temos diariamente caminhos a seguir, escolhas a tomar. E tomamos nossas decisões com base no que queremos, no que achamos melhor. Cada pessoa vai ver isso com seu próprio ponto de vista.

Na série vemos desde o início que Jimmy, antes de se tornar Saul, tentava seguir um caminho dentro da honestidade. Ser um bom advogado, ganhar dinheiro e ter uma vida feliz dentro do possível. Mas claro que desde sempre foi possível ver que seu perfil era de uma pessoa malandra, que gostava de sair em vantagem e aproveitar as pequenas oportunidades que apareciam no seu dia a dia.

Pouco a pouco ele foi se tornando uma pessoa próxima de quem não deveria, tudo para dar mais alguns de seus golpes e fazer um pouco mais de dinheiro.

Kim Wexler (Rhea Seehorn) aparece em sua vida e rouba a cena na maior parte dos episódios. É quem a ajudou e deu apoio direto e indireto para que Jimmy se tornasse o Saul que já tanto conhecemos.

Quando escrevemos, sempre tentamos passar uma mensagem, explicar alguma teoria ou contar uma experiência. Nesse caso fica até difícil de explicar, tamanha a genialidade de toda a produção.

Se você ver uma simples lata de lixo na tela, pode ter certeza que tem algum significado. As cores das roupas dos personagens também representam algo. A tão famosa teoria das cores de Breaking Bad está presente em BCS. Atores incríveis que já conhecíamos. Com personagens adicionais e atuações marcantes. Um destaque para Lalo Salamanca (Tony Dalton), o melhor vilão de séries que já assisti. Entrou no universo de BB/BCS se sentindo em casa. Kim e Nacho Varga (Michael Mando) nem se fala.

Eu, que sou extremamente ansioso, consegui assistir com calma a todos os episódios da última temporada. Alguns logo cedo, mas com uma certa calma que as manhãs proporcionam.

Despedidas sempre são tristes. E, para não ser dessa forma, deixei o ambiente em casa tranquilo para assistir ao último episódio dessa preciosidade que é Better Caul Saul.

Sempre digo que mais importante que a chegada é a jornada, o caminho. Lost provou isso. Mesmo amando o final, para quem não gostou ignorar toda a caminhada não é justo. Sigo pensando dessa forma. E aqui escrevi porque Lost é uma série inesquecível.

Com isso bem claro preciso dizer: que final! Mas que final incrível!

Aquelas despedidas que choramos sem saber a hora de parar, com toda a carga emocional de anos acompanhando esses personagens e suas histórias.

Últimos episódios sempre são diferentes. Ficamos pensando se o fim será satisfatório, dentro do esperado ou do que imaginamos. No caso de BCS era óbvio que o final não seria feliz para Jimmy. Já fui assistir ao episódio esperando isso.

Mas mais uma vez nos surpreendendo, o episódio final entregou tudo e mais um pouco do que queríamos. Um episódio que passou longe de ser só uma despedida. A primeira cena já mostra um momento do passado em que Jimmy e Mike (Jonathan Banks) conversam sobre o que mudariam se tivessem uma máquina do tempo.

Uma cena bonita, gravada no deserto tão conhecido por fãs de Breaking Bad. Jimmy não surpreende nada ao dizer que gostaria de voltar ao passado para mudar algo que o fizesse ter mais dinheiro e ser bilionário.

E em vários momentos durante o último episódio vimos que Jimmy teve várias oportunidades de seguir um caminho diferente, de não entrar para o mundo do crime e não perder tudo no caminho. Mas optou sempre por seguir exatamente o que seguiu.

Até mesmo em momentos que tudo parece ter desmoronado e nada mais pode ser feito, ele aproveita para tentar usar sua malandragem de alguma forma e ganhar ainda alguma vantagem, por menor que seja, das situações.

Com todos os crimes que cometeu, consegue um acordo de apenas sete anos de prisão. Mas talvez nesse momento percebeu e refletiu sobre tudo que tinha feito e usou pela última vez seu jeito louco de ser, fazendo muitas exigências e sabendo que não iriam aceitar tudo que pedia. E também para não prejudicar a vida da única pessoa que amou na vida: Kim.

Oitenta e seis anos preso, ou seja, o resto de sua vida. Que já não era uma vida há muito tempo, como a série nos mostrou.

Quase no final, indo para a cadeia, é reconhecido no ônibus. Os outros presos começam a gritar “Better Caul Saul” e Jimmy acaba até esboçando um sorriso daqueles de canto da boca. Sua vida foi destruída, ele não tem ninguém, mas ainda assim se sente feliz porque aquele período em que era Saul valeu a pena. Foi divertido. Foi uma aventura. Foi algo fora do normal. Ele era rico. E era tudo isso que procurava.

No fim, Saul Goodman é igual a Walter White. Dois gananciosos que gostaram do período criminoso em que viveram. Com o desfecho e tudo que sabemos de Jimmy, fica claro que Walter White não seria Walter White sem Saul Goodman. E Saul Goodman não seria o que Saul Goodman foi sem a presença de Walter White.

Dois personagens e duas séries grandiosas, uma complementando a outra de forma brilhante.

Better Caul Saul mostrou de forma ainda mais profunda como uma pessoa relativamente normal toma suas decisões para entrar nesse mundo obscuro e como a vida nos dá várias e várias chances para mudarmos de ideia. Saul sempre teve um lado mais canalha. Mas como diz Clóvis de Barros: todos somos canalhas.

Em algum sentido, todos somos um pouco. No caso de Jimmy, o que ele fez foi explorar mais intensamente todo esse lado. E gostou. Mesmo sabendo que vai passar o resto da vida preso.

Parece difícil acreditar, mas Better Caul Saul superou e muito Breaking Bad. É muito melhor. Sei que nem todos vão pensar dessa forma, mas faz tempo que vinha pensando sobre isso e com o desfecho da série só tive ainda mais certeza.

Que série brilhante, do início ao fim. Na torcida para que Vince Gilligan e Peter Gould decidam produzir mais conteúdos dentro desse universo. Sabemos que vai demorar um pouco agora, mas a expectativa sempre vai existir.

Um spin-off sobre o passado de Gus, por exemplo, seria uma ótima ideia.

Não custa sonhar e esperar um pouco.




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Olá. Meu nome é Dieverson Colombo, tenho 32 anos e definitivamente não consigo me apresentar em poucas palavras. Mas para você não ficar mais confuso, posso te dizer que me formei em jornalismo, já fiz muita coisa para conseguir pagar as contas, sou escritor e publiquei meu primeiro livro em 2019. Também gosto muito de ouvir e produzir podcasts e por isso você vai encontrar conteúdos nesse formato por aqui.

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