Ana Paula Ramos já foi jornalista, trabalhou em teatro, fez algumas cadeiras de pedagogia, relações públicas e chegou a pensar em fazer psicologia. Mas essa falta de foco foi transformada em experiência para que ela pudesse ajudar as pessoas a serem felizes hoje. Conheça um pouco mais da nossa entrevistada de hoje e perceba que não ter certeza do que quer fazer não é exatamente um problema.
– para quem não te conhece, quem é Ana Paula Ramos?
Sou uma coach e escritora apaixonada pelo que faz, que não mede esforços para, todos os dias, cumprir a missão de fazer a diferença na vida de alguém. Também sou uma pessoa extremamente curiosa, brincalhona, amiga e leal aos meus valores mais preciosos, como a minha verdade (eu preciso viver o que eu prego, entende?) e a minha família (a base de tudo!).
– no que você trabalha hoje?
Hoje trabalho como coach vocacional e produtora de conteúdo do Cookies and Words, um projeto pelo qual sou completamente apaixonada e que tem feito a diferença na vida de muita gente.
– no que já trabalhou?
Além do Coaching, também sou formada em Jornalismo e em Teatro, então já trabalhei nessas duas áreas: como produtora cultural e atriz (sim, eu já me aventurei nos palcos!) e como jornalista empresarial e revisora de textos. Nos palcos, como atriz, a minha experiência se restringiu às peças que apresentei enquanto fazia parte da Escola de Teatro da PUC. A experiência no teatro marcou uma das melhores épocas da minha vida!
– você chegou a fazer cadeiras de pedagogia, relações públicas e pensou em fazer psicologia. Isso te atrapalhou em algum momento? Como é hoje pra ti?
Hoje eu costumo dizer que sou o meu cliente transformado, porque, atualmente, como coach, o meu trabalho é justamente este: ajudar pessoas que se sentem “perdidas” e que não sabem mais quem realmente são, quais são os seus talentos ou o que fazer com eles a se reconectarem com a sua própria essência e fazerem escolhas mais alinhadas com a sua verdade, para que elas possam, como eu fiz, criar um estilo de vida (e de trabalho!) que elas merecem e acreditam. Então, respondendo à sua pergunta, essa indecisão me atrapalhou no sentido de que, durante muito tempo, fiquei andando em círculos, sem saber para onde ir. E essa falta de foco e direcionamento causa uma angústia e uma insegurança muito grandes. Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve, não é mesmo?
– no seu site você conta que passou boa parte da vida tentando corresponder aos outros e fazendo escolhas em função do que os outros podiam pensar. Como conseguiu mudar isso? Foi muito difícil?
Exatamente. Por muito tempo segui o fluxo, porque tinha um medo muito grande de ser criticada, de fracassar, de ser julgada e excluída do “grupo” por causa das minhas escolhas e da minha forma de pensar. Então eu simplesmente escolhia o que todo mundo achava que era o “certo” ou o melhor pra mim. De repente, me vi infeliz e completamente desconectada de quem eu realmente era, a ponto de não saber mais do que eu gostava realmente, o que eu queria para a minha vida, o que era felicidade e sucesso pra mim. Passei por um período muito crítico, de quase depressão mesmo, até finalmente dar um basta nessa história de viver uma vida inteira tentando agradar e ser aceita. Não vou te falar que foi fácil, porque não foi. Mas a tomada de consciência de que eu não estava vivendo a minha verdade foi o primeiro passo para a mudança. E, nesse processo todo, o coaching foi essencial pra mim. Todo mundo deveria passar por um processo de coaching ao menos uma vez na vida!
– acredita que estar fora do mercado de trabalho tradicional é motivo de problema para a família e as pessoas ao nosso redor? Por que?
Se a minha preocupação maior for corresponder às expectativas dos outros e simplesmente seguir o fluxo e o pensamento do senso comum, pode ser que seja um problema, sim. Mas, como a minha intenção está longe de ser essa, então eu lido muito bem com isso. Tenho o apoio das pessoas que eu amo e que realmente se importam comigo. É claro que elas se preocupam e, vez ou outra, até não concordam com certas escolhas que eu faço. Mas tudo bem. Eu sei quem eu sou e o que quero pra mim. Estou em paz com a minha consciência e feliz da vida com o trabalho que escolhi. A grande questão é esta (e vale pra todo mundo): só você tem o poder de te derrubar. Foque naquilo que realmente importa e em quem realmente importa. As opiniões dos outros são apenas isso: uma opinião. Quem realmente te ama e se importa com você, mesmo que não concorde com tudo o que você faça, vai continuar te amando e se importando com você. Simples assim. Quanto aos outros, bem… Desde quando você tem que dar satisfação para os outros da sua vida?
– como tua família reagiu com a tua decisão?
Eu sou muito sortuda, muito mesmo, porque sempre tive o apoio da minha família para tudo. É claro que eles se preocupam, é natural. Mas aprendi desde cedo a importância da liberdade para fazer escolhas e da responsabilidade para arcar com elas.
– e como foi a decisão de trabalhar fazendo o que gosta? Em que momento ocorreu isso?
Desde o ano passado comecei a me preparar para algo que, lá no fundo, eu sabia que iria acontecer. Eu já estava bastante incomodada com o fato de que não estava vivendo plenamente aquilo que eu pregava nos meus textos e nas minhas sessões de coaching. Eu simplesmente não queria ser aquele tipo de gente que prega a transformação de vidas, mas que não tem a própria vida transformada, entende? Em dezembro do ano passado (2014), pedi demissão do mundo corporativo para viver plenamente a minha verdade. Não foi uma decisão fácil, mas foi a mais acertada. Estou bem tranquila em relação a isso.
– você tem o site Cookies and Words. Desde quando ele existe? Como veio a ideia e quais as intenções com ele?
O blog surgiu no final de 2012, de forma totalmente despretensiosa. Inicialmente, a intenção era compartilhar meus textos com a família e amigos próximos, mas a coisa foi crescendo de tal forma que, quando dei por mim, mais de mil pessoas que eu nunca tinha visto na vida estavam me seguindo. Mais do que isso: elas me escreviam dizendo que eu estava, através dos textos, fazendo a diferença na vida delas. Consegue imaginar algo mais gratificante do que isso? Aos poucos, os conteúdos dos textos foram mudando também, mais focados em desenvolvimento pessoal, transformação e mudança de vida, missão e propósito, vulnerabilidade (que é um tema que eu amo!) e… Coaching! Hoje o Cookies tem mais de três mil e duzentos seguidores e é o meu projeto mais especial! Tenho muito orgulho dele!
– o site já te dá algum retorno financeiro? O que você faz hoje para se sustentar?
O site se transformou no meu principal canal de comunicação com as pessoas. Então, o que acontece é que muitos dos meus coachees vieram e vêm de lá. Se você for pensar por esse lado, fechei pacotes de coaching por causa do Cookies and Words. Além do site e das sessões de coaching, tenho o meu infoproduto (que é o meu livro digital) e também sou afiliada de produtos e pessoas nos quais acredito demais!
– investiu muito para iniciar o site?
O universo foi extremamente generoso comigo. Quem fez o meu site foi uma leitora que fez questão de trabalhar nesse projeto com todo amor do mundo. Além de ter conseguido traduzir exatamente aquilo que eu queria, a Mih me cobrou um precinho especial, porque via valor e acreditava muito no meu projeto. Nos tornamos parceiras mesmo, porque, ao longo do processo de criação, trocamos muitas ideias. Hoje a Michelle Paese é minha amiga. Sei que posso contar com ela (e olha que eu vivo atormentando a garota! Ahaha).
– quando você diz para alguém que trabalha com a internet e trabalha em casa o que te dizem? Acham muito estranho?
Eu trabalho em home office a maior parte do tempo! Atualmente, tenho apenas dois clientes que atendo pessoalmente. Todas as outras sessões de coaching são via Skype. O meu plano para o ano que vem é o de só atender via Skype, porque quero evitar perder esse tempo de deslocamento. O trânsito é uma coisa que me estressa muito! Mas, olha, vou te contar que estou trabalhando mais do que trabalhava no mundo corporativo, viu? O que acontece é que hoje trabalho em algo que é meu, que eu amo e realmente acredito. O grande lance de você trabalhar em casa é o de buscar o equilíbrio, porque a tendência é a de que você fique trabalhando de tal forma que nem veja o tempo passar. E, por isso mesmo, trabalhe o tempo todo! Estou nessa busca ainda, porque a autocobrança é realmente muito maior. Além dessa questão, tem o fato de que nem todo mundo consegue entender que o que você está fazendo em casa também é trabalho. É preciso deixar claro isso! Eu estou em casa, tudo bem, mas me arrumo como se fosse sair e faço o meu trabalho com a mesma responsabilidade com que faria em qualquer outro lugar.
– teve muito medo de fazer essa mudança? Passou alguma dificuldade?
Claro! Eu sinto medo todos os dias! Rs. A grande questão é que eu não deixo o medo me dominar e ajo apesar de. Todo começo é mais complicado, porque exige ainda uma adaptação e uma paciência muito grandes. A gente quer que as coisas aconteçam de uma vez, não é mesmo? Venho aprendendo que tudo tem o seu tempo. Eu estou fazendo a minha parte, estou feliz com a minha escolha e certa de que as coisas vão dar ainda mais certo. A dificuldade maior é lidar com a instabilidade financeira, porque cada mês é uma coisa diferente, não tem aquela de receber um salário fixo todo mês. Mas ok. Foi uma escolha que eu fiz e estou trabalhando muito para que a questão financeira não seja um problema. Por enquanto, não está sendo! Rs.
– você trabalha somente com o site hoje? Já passou alguma dificuldade financeira?
Antes de pedir demissão fiz um planejamento financeiro muito bem estruturado. E eu não trabalho só com o site. Eu faço atendimentos como coaching!
– você é formada em coach. Já tem clientes e é remunerada com isso?
Sim! Já tenho clientes pagantes desde antes de sair do mundo corporativo!
– era infeliz nos seus trabalhos anteriores?
Eu não diria que era infeliz, mas também não posso dizer que era apaixonada pelo que eu fazia. Eram trabalhos ok. Mas eu nunca fui do tipo de gente que se contenta com o mais ou menos. Eu preciso ser desafiada, eu preciso sentir o coração pulsar, eu preciso saber que aquilo que estou fazendo está fazendo a diferença na vida de alguém. Viver, pra mim, é se entregar plenamente a uma causa, encontrando a razão maior que te fará seguir em frente mesmo quando todos os outros desistirem. Acomodação nunca fez parte do meu vocabulário.
– hoje a maioria das pessoas está infeliz em seus trabalhos, mas não fazem nada para melhorar. Por que você acha que essas pessoas não tomam nenhuma atitude?
A maioria sente medo. Medo de fracassar, medo de ter que encarar o desafio e de lidar com a opinião e as críticas dos outros. Medo de perder a “segurança” e o status, de fazer papel de bobo, de cair no ridículo, de não dar conta do recado. E de descobrir, depois de tanta luta, que aquilo que ela queria não era exatamente da forma que ela imaginou que seria.
Todos esses medos às vezes paralisam. Daí a importância de um trabalho focado na identificação desses medos e crenças limitantes que podem estar te impedindo de mudar. E, sobretudo, numa forma de fazer com que você saia da zona de conforto e aja apesar de.
Medo todo mundo sente. O que diferencia a pessoa que continua paralisada daquela que segue em frente mesmo com medo é a forma com que cada uma escolheu encará-lo.
– se alguém te pedisse se empreender é uma boa ideia, que resposta você daria?
Empreender é uma boa ideia para quem está disposto a assumir riscos, lutar pelo que acredita, lidar com fracassos, críticas e dificuldades e pensar fora da caixa, agindo apesar de todo e qualquer pesar. Simples assim.
– na tua opinião, porque as pessoas acham que é tão difícil empreender?
Porque a maioria não está disposta a assumir o risco e encarar o trabalho, com todas as dores e delícias inerentes. Tem uma frase que o Geronimo Theml sempre diz: “Ser águia dói”. Eu não poderia concordar mais com ela.
– o que você diria para as pessoas que até querem empreender, mas tem medo e preferem ficar em seus trabalhos atuais?
Se você quer, e quer de verdade, você vai agir mesmo com medo. Volto a dizer: o que diferencia o empreendedor que assume riscos do cara que só tem a vontade de empreender é a ação real. O primeiro parte para o campo de batalha; o segundo fica apenas no discurso. Se você continuar fazendo tudo da mesma forma, vai sempre obter os mesmos resultados. Viver é arriscar, mesmo que dê errado na primeira, na segunda, na terceira tentativa. Encontre a razão maior que te fará seguir em frente, mesmo quando todos os outros desistirem, e vai. Vai com medo mesmo, porque as pessoas mais corajosas que você possa imaginar também sentem medo. Quando a gente tem um sonho, nenhum começo é pequeno demais. Acredite em você e na sua mensagem. Trabalhe com afinco, trace metas, cumpra-as com determinação e consistência. O resto é consequência. Inclusive o dinheiro.
3 respostas
Quanta maturidade, e quanta capacidade de compartilhar!Ninguém nasce sabendo, mas pode morrer sem experimentar.Ana Paula te convida!
Um exemplo de força, determinação e coragem.
adorei seu blog,tudo muito organizado,exelentes matérias,fotos lindas sobre o universo feminino, realmente em blog muito bom para nós mulheres ficar antenadas pelas suas dicas – beijos a voce e todos os seus leitores