Por que falar de sexo ainda é um tabu?

Alguns assuntos sempre são mais difíceis de conversar do que outros. Isso faz parte. O mundo está avançando, mas nem tudo é falado com naturalidade. Isso se aplica a conversas informais e também momentos mais sérios, menos informais. Um assunto que se encaixa muito nisso é o dinheiro. Experimente perguntar para uma pessoa quanto ela ganha ou o valor que ela tem guardado na conta bancária.

Outro tema ainda delicado, mas que não deveria ser, é o sexo. Assunto que vamos conversar mais no texto de hoje. Porque falar de sexo de forma aberta, tranquila e sem julgamentos ainda é tão difícil? Porque esse assunto ainda parece um tabu? Vamos refletir sobre essa questão.


Mas, de fato, ainda é um tabu?


Você pode estar pensando isso agora. E foi o que pensei também. Pesquisando para escrever esse texto foi possível concluir que sim. É claro que nós como sociedade estamos um pouco melhores, por mais que em alguns momentos isso não faça sentido. Mas alguns temas ainda são difíceis de tratar e o sexo é um deles.

Pesquisa feita pelo Datafolha em 2021 aponta que 44% das mulheres e 18% dos homens evitam falar sobre sexo durante uma paquera. Essa mesma pesquisa mostrou que 26% das pessoas evitam falar sobre sexo antes do primeiro encontro e 24% esperam que a outra pessoa tome a iniciativa para começar a falar sobre o assunto. O que mostra um receio, um medo de falar sobre o tema inicialmente. É muito interessante ver outros dados e números dessa pesquisa. Você pode saber mais clicando aqui.

E você pode não acreditar em pesquisas ou qualquer outro motivo. Mas nesse caso conseguimos ter uma amostra real do que vimos na sociedade atualmente. Imagine que você está solteiro e vai sair com uma pessoa que está conhecendo. Pense e responda a você mesmo se falaria com naturalidade sobre esse assunto.

Somos hoje uma sociedade com menos preconceitos e em constante evolução, mas por nos lembrar de nossos instintos básicos, o sexo pode ocupar esse papel de tabu. E esses instintos acabam se associando muitas vezes a vergonha, aliada com a educação que tivemos na infância. É claro que há diferenças entre homens e mulheres nessa questão, mas aqui a ideia é falar de modo geral.

A jornalista Sue Jaye Johnson disse em um TED Talks que precisamos mudar essa percepção e como ensinamos o sexo para crianças. Devemos encorajar as crianças para serem abertas e curiosas sobre as experiências. Assim será mais fácil e tranquilo comunicar nossas emoções, o que estamos sentindo. Tudo isso sem precisar reprimir ou esconder a sexualidade. Interessante esse ponto.

Como sempre escrevo, a ideia não é dar uma solução para o tema e sim iniciar uma conversa, uma reflexão importante. É claro que a forma de educar uma criança não tem uma regra específica e vai depender de como os pais enxergam o mundo e os assuntos que são importantes. Mas refletir sobre isso, rever alguns conceitos de vez em quando sempre pode fazer bem.

Ou vamos crescer e nos tornarmos os adultos dessa pesquisa, que tem possivelmente medo de falar sobre sexo.


Uma visão profissional sobre o tema

Conversei com a psicóloga e sexóloga Sissa Geller para buscar mais informações para refletir sobre esse assunto. Segundo Sissa, o sexo sempre foi muito ligado à procriação.

“O casamento estava muito ligado pelas questões religiosas, como para procriação. O sexo no casamento não tinha a intenção de que homem e mulher sentissem prazer. Em 1960 houve uma revolução sexual.

As mulheres começam a buscar os seus direitos, direito ao voto, trabalhar fora de casa e também de sentir prazer. Mas como o foco no sexo não era obter e dar prazer, as pessoas não sabiam muito sobre isso. Muitos ainda hoje não sabem como dar esse prazer e proporcionar para o outro.”


Um ponto relevante lembrado por ela é que existia e ainda existe um contexto religioso muito forte, de que sexo só deve ser depois do casamento. E também de que não existe ainda uma cultura de educação em sexualidade, uma orientação.

“Sexo ainda é um tabu porque não falamos abertamente sobre ele, por todas essas questões acima. As questões religiosas podem influenciar ainda quando pensamos que sexo é tabu. As famílias não falam sobre sexo, muitas vezes nem sabem exatamente o que é sexo, sentem vergonha ao falar e geralmente não buscam informações.”


Outro ponto de vista sobre esse importante assunto


Achei interessante trazer outra opinião, até pelo tabu que o tema ainda carrega. Mais uma vez pedi ajuda para minha querida amiga Priscilla Panizzon, que trabalha com Sagrado Feminino e é autora do blog e livro Toda Mulher é Sagrada.
Quando li sua resposta, vi que mais uma vez tinha acertado ao ter essa troca com ela.

“Se a gente voltar para a origem da palavra “tabu”, vamos ver que ela se refere a algo “sagrado” e “proibido”.
Dito isso, por um lado, infelizmente internalizamos mais a parte do proibido do que a do sagrado. Por interesses não muito honráveis, nos venderam que sexo é proibido.


Mas o que exatamente é proibido? O prazer? A alegria de viver? A expansão da energia vital? O êxtase? O conhecimento do próprio corpo? A autonomia para decidir o que é bom ou não para o nosso corpo? O contato com a natureza? O amor? Sim, tudo isso, porque sexo real é tudo isso também.

Ou você acha que o sistema nos afastaria de algo pequeno e inofensivo? Vamos lembrar que uma nova vida, a maior de todas as forças, é gerada pelo sexo.”


A Pri questiona também que há pornografia por toda a parte, mas mesmo assim ainda é um tabu falar de sexo.

“Se você está lendo esse texto e ainda assiste pornografia: pare. Pesquise sobre o mal que ela faz na sua vida e relações. Acredite: você não precisa dela. Não é irônico, pra dizer o mínimo? “Sexo” por toda parte, mas travamos quando falamos sobre isso? É justamente porque sexo é sagrado. Sim, sexo é um tabu porque transcende a matéria, porque ele nos leva além.

Mas como além? No fundo, sexo de verdade te leva para dentro de ti. É sobre vulnerabilidade. O Tantra fala sobre isso há milênios: o corpo como instrumento de autoconhecimento. Sexo é intimidade. Então como ser íntima de outra pessoa se antes de tudo não consigo ser íntima de mim mesma?”

Priscilla também lembra o que concordo, que o assunto sexo rende muitas e muitas conversas. Ainda é um tema às vezes difícil, que dá medo de abordar em uma roda de amigos, mas que sempre acabamos falando.

Ela disse que é impossível de entender com a mente 100% de forma racional. Precisamos assim, como ela me explicou, baixar a guarda e descer ao coração.

“Assim, a gente vai começar a sentir o sexo e não só pensar o sexo. Então, nos sentiremos cada vez mais livres para viver essa energia tão poderosa, sagrada e divina.”

É sempre um aprendizado conversar com a Priscilla. Concordo com tudo que ela falou e tenho refletido bastante desde que conversamos.


Vamos tentar normalizar esse tema


Infelizmente internalizamos mais a parte do proibido do que do sagrado em torno desse assunto. E costumamos fazer isso em várias áreas da nossa vida. O lado negativo sempre ganhando destaque.

Essa é mais uma demonstração que devemos começar a pensar no lado positivo das coisas, porque só assim conseguiremos ter uma vida tranquila e feliz. Sexo é vida, é prazeroso e não devemos esquecer disso.

Claro que caso você tenha algum bloqueio maior em relação ao assunto, até mesmo para conversar sobre ele, procurar ajuda sempre é válido. Terapia é algo que você precisa colocar na sua vida assim que for possível, porque vai te fazer bem. Inclusive para melhorar questões relacionadas a esse assunto.

Ao pesquisar sobre esse assunto, conversar com a Priscilla e com a Sissa e refletir ainda mais sobre os motivos que fazem o sexo ainda ser um tabu, percebo o quanto alguns temas mais espinhosos precisam ser cada vez mais lembrados. Não podemos esquecer, fingir que essas questões não existem. Cada vez mais vamos refletir sobre esses assuntos importantes. Espero que esse texto te ajude a refletir um pouco mais.

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Olá. Meu nome é Dieverson Colombo, tenho 32 anos e definitivamente não consigo me apresentar em poucas palavras. Mas para você não ficar mais confuso, posso te dizer que me formei em jornalismo, já fiz muita coisa para conseguir pagar as contas, sou escritor e publiquei meu primeiro livro em 2019. Também gosto muito de ouvir e produzir podcasts e por isso você vai encontrar conteúdos nesse formato por aqui.

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