Recentemente, em um grupo do qual participo, fiz uma postagem que sabia que poderia dar um pouco de polêmica. Em um grupo de copywriters, nova tendência de escrita do marketing, escrevi sobre como o trabalho de redator e jornalista deixou de ter valor e hoje só vale ser copy e nada mais.
No texto expliquei meu ponto, mostrei meu lado da história e quis, como em todas as vezes que escrevo, propor uma reflexão sobre esse assunto.
Afinal, fiz faculdade, me formei em jornalismo, trabalhei em jornais e escrevi para blogs durante todo esse tempo. E todo meu conhecimento não parece fazer diferença nesse novo mercado.
Não é meu ego falando mais alto, não estou com dor de cotovelo nem algo pejorativo dessa forma. Somente achei necessário iniciar esse tipo de discussão e vi o grupo como um local apropriado para isso. Era final de tarde de uma quinta quando eu vi que meu texto foi aprovado pelos administradores do grupo. E em poucos minutos algumas pessoas comentaram, iniciando a reflexão. Isso era o que eu achava.
Algumas pessoas concordaram e entenderam meu ponto de vista.
Mas logo começaram as críticas e comentários desnecessários. A maior parte dos comentários foram de pessoas que não entenderam a reflexão que propus ou que acharam que eu estava com inveja ou raiva da popularização do trabalho do copywriter e a desvalorização do redator e jornalista. Mesmo respondendo essas pessoas, que não tinham me entendido em um primeiro momento, não parecia suficiente.
Uma pessoa disse que eu não usei gatilhos para tornar meu texto atrativo. Sendo que meu objetivo não era tornar atrativo para nada e apenas gerar uma conversa. Mas como tudo gira em torno de “técnicas matadoras” do marketing, comentários como esse começaram a surgir.
O conceito de ética no jornalismo entrou na conversa e até a questão que o resultado vale mais do que qualquer estudo virou assunto. Sendo que para ter resultado em qualquer área sem estudar fica sempre mais difícil.
A noite chegou, os comentários ficavam ainda mais agressivos e a ansiedade começou a tomar conta muito rapidamente. Ao ponto de começar a me arrepender da postagem. Pouco antes de dormir excluí o post e fui deitar pensando se tinha escrito ou respondido algo de errado durante a conversa.
Toda essa situação me gerou estresse e ansiedade, além de me fazer pensar em alguns pontos importantes sobre a situação. Que é o que pensei muito e escrevi. Vou compartilhar os principais pontos aqui nesse texto.
Interpretação de texto é muito importante
Na época da escola, a interpretação de texto era uma grande dificuldade entre os alunos. Não vou dizer que achava tudo super simples, mas conseguia entender um pouco melhor as aulas de português e, consequentemente, as interpretações de texto. Você tem que ler com atenção, interpretar e entender o que está escrito. Simples. Isso era o que eu pensava na época.
Já são distantes 15 anos que não vou mais para o ensino médio e 18 anos que terminei o ensino fundamental, onde lembro mais desse conteúdo. E tanto tempo depois percebo o quanto o assunto é fundamental. Diariamente eu percebo a falta de interpretação de texto em discussões na internet ou até em algumas conversas particulares.
Os áudios salvaram um pouco, já que fica mais fácil em alguns casos de entender o que a outra pessoa quer dizer. Mas assimilar bem um texto e entender de fato o que foi dito não parece ainda ser uma tarefa tão simples.
Pode ser uma percepção que só eu tenho. Mas como vejo isso muito, quase diariamente, penso que não deve ser tão incomum de acontecer em conversas e leituras individuais.
Nosso ego precisa de atenção
O ego faz parte de nossas vidas e não necessariamente é um problema. Mas em alguns casos pode ser nosso pior inimigo, como o próprio nome do livro de Ryan Holiday. Ainda não li, mas é uma obra muito recomendada.
Precisamos entender que nem sempre um comentário a respeito de um assunto está apontando para nós. Se você é contador e ouvir alguma pessoa falando mal da contabilidade, ela não está falando mal de você e sim com base em sua vivência e experiência no assunto.
Você pode sem problema algum querer ser aquela pessoa que vai defender sua profissão e tudo que a envolve, mas sempre lembrando que o que ouviu não diz respeito a sua pessoa física e sim a um ponto de vista sobre um acontecimento.
Quando você passa a acreditar que todos os comentários são direcionados a você e que é seu dever responder tudo e rebater qualquer palavra que foi dita, sua vida vai se tornar muito mais difícil e pesada. Pense sempre nisso e reflita, já que está aqui nesse texto, sobre esse tipo de situação. Isso sem dúvida vai te poupar muita dor de cabeça.
Não leia apenas a chamada
Se você está lendo até aqui, já é uma pessoa diferenciada. Essa frase é clichê, mas um fato. As pessoas têm o triste costume de lerem apenas a chamada ou no máximo as primeiras linhas e com base nisso tirarem conclusões sobre o texto todo. No texto que postei e me gerou essas reflexões o título era “redator virou copy”.
Obviamente esse título representa apenas uma parte do conteúdo e o título era apenas o início da conversa sobre o assunto. Como notei na situação, uma parte das pessoas só leu o título e já tirou suas próprias conclusões. Isso é muito comum também em textos sobre política ou algum assunto um pouco mais sensível.
É normal também aquela triste prática de ter um título super polêmico, mas quando você clica para ler o texto não era nada daquilo. Na verdade, a notícia na maioria desses casos chega a ser até diferente.
Mas é possível notar pelos comentários também que algumas pessoas só leem o título e já tiram suas conclusões. O que não contribui para a discussão que começa nos comentários e muito menos para informar quem ainda não leu.
Então te peço com esse texto, já que você ainda está lendo: não leia apenas o título dos textos. Se o assunto te interessa, nem que seja só um pouco, clique e leia toda a informação antes de tirar suas conclusões.
Pare de acreditar em tudo que os gurus da internet te dizem
Eu ainda me assusto um pouco em como as pessoas acreditam e levam muito a sério qualquer frase pronta que um grande guru da internet diz. Sem nem pensar se faz sentido. Sem refletir se é aplicável para a vida de qualquer pessoa. Deixando de colocar na balança para depois tomar algum tipo de decisão. Parece que só ouvem e saem repetindo como se não houvesse amanhã.
No meu post do grupo, citado no início desse texto, várias pessoas responderam com argumentos prontos e que são compartilhados diariamente sem pensar no que de fato eles representam.
“Você precisa usar gatilhos mentais”, “seu texto precisa fisgar o leitor na primeira linha”, “fulano disse que é assim que dá resultado”.
Eu não acho que só porque uma pessoa que gosto diz que dá certo isso significa que devo fazer da mesma forma. Posso pegar alguns exemplos, entender o que deu certo e o que não deu.
Agora, fazer exatamente igual é a certeza da frustração. Porque, mais uma vez, precisamos lembrar que cada pessoa é única, tem sua forma de agir, de comunicar e se expressar.
Os famigerados gatilhos mentais, que são citados a cada 30 segundos por quem trabalha com marketing, não são fundamentais para uma boa comunicação. Isso pode parecer polêmico, mas antes de me criticar leia um pouco mais sobre isso, veja o que ótimos profissionais que não usam esses gatilhos como Paula Quintão e o Lucas, do projeto Bota na Rua, falam e como se comunicam para vender seus serviços.
Saiba que uma boa história, se bem contada, não precisa na primeira linha ou logo de cara já te impressionar, te derrubar da cadeira. Pense em filmes e séries que não te atraíram logo no início, mas depois você achou a experiência incrível.
Todos esses conselhos populares, se você parar para pensar, tem muitos pontos que precisam e merecem reflexão antes de sairmos espalhando por aí só porque foi dito que trazem resultados.
Então antes de acreditar em qualquer coisa que um especialista fala na internet, pesquise, leia sobre o assunto e tire suas próprias conclusões. Sei que soa repetitivo, pois falo disso com frequência. Mas é um assunto de extrema importância.
Tente adotar o hábito de ler com calma os conteúdos ou livros que você consome, entenda que a maior parte das críticas não são direcionadas para você e sim tem base em uma experiência de quem está criticando e reflita sobre o que consome para tirar suas próprias conclusões. Trilhando esse caminho com certeza você vai tomar melhores decisões e sua vida não será problemática.
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