Priscila Roma é coach, advogada e uma pessoa inquieta. Alguém que não queria nem ouvir falar a palavra empreendedorismo, mas que quando entrou nesse mundo, quase que acidentalmente, garante que não quer mais sair. Ela tem tanto para falar sobre o assunto, que a entrevista será dividida em duas partes. A primeira delas está aqui para você perceber como é importante trabalhar fazendo o que gosta. Conheça um pouco mais da entrevistada de hoje.
– para quem não te conhece, quem é Priscila Roma?
Priscila Roma é, antes de mais nada, uma inquieta. Uma inconformada com os conformismos. Por que devemos nos contentar com os “oks” da vida se podemos ter o melhor? Pensando nisso, passou por um profundo processo de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento para se descobrir e se encontrar, se tornou Life Coach e incentivadora de pessoas, buscando a sua realização pessoal e profissional, com o intuito de ajudar outras pessoas a alcançarem a sua realização pessoal e profissional também. No caminho, se tornou escritora, palestrante e empreendedora digital. Aprendeu um mundo de coisas novas e está amando toda essa jornada com suas descobertas.
– no que você já trabalhou?
Academicamente, sou formada em Direito pela Universidade Federal Fluminense/RJ. À época da faculdade, trabalhei no fórum, em escritórios de advocacia, mas o trabalho que mais gostei na área foi na Defensoria Pública, como estagiária, em que eu sentia bem realizando meu trabalho e ajudando as pessoas. Eu pegava todo o conhecimento que tive o privilégio de aprender em uma grande Universidade, para fazer valer os direitos de pessoas necessitadas, que muitas vezes sequer conheciam os seus direitos. Como advogada, trabalhei em escritórios de advocacia. Fiz pós-graduação em Direito Público e sempre meus estudos, minhas monografias tiveram um viés nos Direitos Fundamentais, envolvendo temas como direito à saúde e Dignidade da Pessoa Humana.
No meio da faculdade, quando não estava estagiando, cheguei a trabalhar como vendedora de loja, nas férias ou quando a faculdade estava em greve – o que aconteceu apenas uma vez -, porque sempre gostei de buscar minha independência financeira e experiências que pudessem me engrandecer. Trabalhando em loja, conheci pessoas das mais diversas origens, dos mais diversos locais – tanto na própria equipe, quanto os clientes. Conheci pessoas com uma vida muito mais difícil e muito mais abastarda que a minha e foi quando percebi que felicidade tem muito pouco a ver com dinheiro. Sem dúvida, em cada lugar por onde passei e pude trabalhar, adquiri ensinamentos valiosos que carrego comigo e que me ajudaram a ser quem eu sou hoje.
– hoje você trabalha somente como coach e com seu site?
Não. Eu sempre tive uma visão muito limitada que ou eu precisava ser isso ou aquilo, fazer isso ou aquilo. E essa era uma das minhas maiores prisões, porque o ser humano pode ser multifuncional, multipotencial. E eu vivia tentando me convencer que não. Eu sou uma pessoa que preso a liberdade. Preciso deixar as portas – e as janelas – abertas às oportunidades. Finalmente, eu compreendi que nós podemos ser tudo aquilo que quisermos. Talvez não possamos ser tudo ao mesmo tempo o tempo todo. Mas, quando nos organizamos, podemos conciliar sem maiores complicações todas nossas atividades.
Atualmente, trabalho como advogada, não mais no meio corporativo – em home office. Trabalho como Life Coach e com meu site. Sou empreendedora digital, onde crio meus infoprodutos e promovo produtos de parceiros, como afiliada, quando eu acredito que são importantes para agregar conteúdo aos meus amigos e leitores.
Sinceramente, não saberia dizer se isso é exatamente uma transição. Eu não rotularia dessa forma. Eu gosto de dizer que esse momento é a minha fórmula ideal hoje.
– você é formada em direito. Gosta da área ou percebeu depois que não gostava?
Eu demorei a perceber que eu gosto do Direito, mas eu não gosto muitas vezes do que transformaram o Direito. O Direito é lindo, mas a prática em diversos aspectos é muito castigada. Mas, eu tinha dificuldade em diferenciar isso e, por diversos momentos, me questionei se eu realmente gostava do Direito.
Além disso, eu gosto do Direito. Mas, nunca tive aquela paixão que eu via em diversos colegas de faculdade e profissão. Eu sabia que ainda faltava algo para que eu me sentisse completamente realizada e foi então que surgiu o Coaching e o empreendedorismo digital e eu encontrei o brilho nos olhos que faltava.
– quando trabalhava nessa área, se sentia de certa forma infeliz?
Em todos os locais que trabalhei, tinham aspectos que eu gostava e aspectos que eu não gostava. Acho que isso é natural em qualquer trabalho. Até mesmo quando trabalhamos com a nossa paixão, precisamos compreender que existirão tarefas que não serão tão prazerosas. Eu não era infeliz pelo meu trabalho. O trabalho era a ponta do iceberg. Eu era infeliz, porque não conseguia enxergar que a minha felicidade dependia somente de mim e de como eu encarava as diversas situações na minha vida.
Na verdade, eu acredito que a infelicidade – quando chegamos a classificá-la assim – tem muito pouco a ver com o nosso trabalho, mesmo quando acreditamos que ele é a causa da nossa infelicidade. Antes de tudo, a infelicidade tem a ver com nossas preferências, nossas escolhas e nossa capacidade de mudança. A nossa infelicidade tem, antes de mais nada, a ver com o nosso medo de sair da nossa zona de conforto. E é claro que tudo isso respinga nas diversas áreas da nossa vida. Em alguns casos, com mais ênfase no trabalho, em outras, nas relações pessoais, no humor.
– a entrada no empreendedorismo começou com um blog de crônicas e você disse que na época era muito envergonhada. Como foi esse processo para perder a vergonha?
Sim. Eu sou uma pessoa bastante discreta e reservada e, quando era mais nova, era bem mais tímida. Agora eu sou apenas um pouco tímida (risos). Se você esbarrasse comigo numa festa, em uma roda de pessoas conversando, provavelmente você não se lembraria. Eu não sou o tipo de pessoa que conversaria de modo extrovertido chamando toda a atenção para mim com pessoas que eu não tenho tanta intimidade. Eu ficaria ali sorridente (porque tenho bom-humor), mas quieta, observando.
No começo da minha escrita no blog, isso foi bastante complicado, porque eu queria escrever, mas não queria divulgar. Eu queria que as pessoas achassem aquele texto de uma autora anônima e desconhecida. O que era bem complicado, porque as pessoas tem uma curiosidade natural de saber quem está por trás daquela escrita, daquele texto, daquela forma de pensar. Então, acabava que ninguém lia meus textos ou acessava meu blog e eu ficava frustrada, porque eu queria que os meus textos chegassem nas pessoas e não sabia o que estava errado.
Foi quando eu percebi que a minha timidez estava atrapalhando o meu objetivo. Então, eu sabia que precisava vencê-la. É claro que não a venci do dia para a noite, mas quando coloco algo na cabeça, dificilmente eu desisto. Mas, fui pouco a pouco vencendo meus limites. Cada dia dava um passo um pouco maior.
Quem me vê hoje, não imagina como eu sofri para publicar um texto, para gravar um vídeo ou para falar da minha vida. Mas, eu sobrevivi e estou no caminho para levar a minha mensagem a outras pessoas. A grande chave disso tudo, para vencer o que quer que esteja nos limitando, é querer – mas não é qualquer querer; é verdadeiramente querer. Aquele querer que te dá forças e se transforma em realidade.
– em que momento da vida você percebeu que seu futuro seria no empreendedorismo? Aconteceu algo de especial na tua vida?
Eu brinco que eu sou uma empreendedora acidental. Nunca tive qualquer perspectiva de me enveredar pelo empreendedorismo. Na verdade, eu corria disso. Eu não sabia exatamente onde estava me metendo e as coisas foram acontecendo – ainda bem (risos)!
Mas, coincidiu de eu começar a empreender juntamente com meu processo de desenvolvimento pessoal. E não teria momento melhor para isso acontecer! Isso, porque eu estava mais aberta a novas concepções, a novas formas de encarar a vida.
– você disse que passou por um processo de desenvolvimento pessoal. Pode contar mais sobre isso? Foi ali que percebeu que tua praia era o empreendedorismo?
Foi bastante curioso, nas minhas resoluções de ano novo, de 2013 para 2014, eu coloquei como uma das minhas metas que passaria por um processo de desenvolvimento pessoal: ou por psicoterapia, ou pelo Coaching, ou lendo muito sobre o assunto. Não importava – eu tinha a certeza de que passaria por isso.
Então, minha cunhada, que já era coach, sem saber de nada, me deu de presente um programa dela de desenvolvimento pessoal e alta performance. Além disso, eu li muito e fiz diversos outros cursos. Quanto mais eu lia e aprendia sobre desenvolvimento pessoal e autoconhecimento, mais eu gostava e mais eu queria aprender. A paixão pelo tema, que já vinha da minha adolescência, foi reacendida.
No processo de desenvolvimento pessoal, eu percebi o quanto ajudar as pessoas a se encontrarem era algo que me realizava. Ser aquela luz que faltava para dar mais clareza às pessoas é algo que me motiva e me emociona. Então, eu decidi ser life coach. O empreendedorismo veio como uma necessidade natural da minha carreira como coach e eu acabei também me apaixonando por esse lado.
– você não abandonou seu emprego como advogada?
Como eu disse, no momento, na minha melhor fórmula, eu concilio todas as funções que de alguma forma me preenchem. Não definiria isso como uma transição, mas como o meu momento hoje. Busco também o maior centramento e foco no presente. Coisa que antes era bastante rara e atrapalha demais a nossa produtividade.
– sua formação, como você mesmo diz, é voltada para o status, segurança e padrões. Como você enxerga isso hoje?
A gente é criado e se desenvolve em meio a muitos conceitos e paradigmas. Muitas das escolas formais “te criam” para ter uma vida segura, dentro dos padrões. E isso vai passando de geração em geração. Então, as famílias repetem esse modelo, porque esse é o referencial que elas têm. O que acontece é que a gente aprende a aceitar e não se questionar. E isso é muito ruim, porque a resposta que buscamos para tudo em nossa vida está justamente nesse questionamento.
Então, foi isso que fiz, comecei a me questionar e percebi que a segurança e os padrões são apenas um modelo dos muitos possíveis e, ainda, que a segurança muitas vezes é mais ilusória do que real. Isso me libertou para que eu enxergasse novas possibilidades. Eu ainda preso a segurança, porque isso é inerente a mim, mas hoje eu consigo enxergar novas fronteiras e novos horizontes. E quando conseguimos enxergar além é libertador.
– no passado, tinha certo medo do empreendedorismo por ser fora do padrão, mas hoje você é empreendedora. Eram tudo pré-conceitos?
Sem dúvida. Quando temos medos sobrando, tudo é desculpa para nos manter na nossa zona de conforto. De alguma forma, eu sabia o quanto empreender me tiraria da minha zona de conforto e isso me assustava a ponto de nem querer saber mais sobre o assunto. Meus pré-conceitos tortos me atendiam, porque me deixavam a salvo de desbravar o novo.
O processo de compreender nossos medos, nossos limites e vencê-los aos poucos é muito doloroso e ninguém quer passar por uma dor “desnecessária”. Só que, na verdade, o que a gente não percebe é que ficar na nossa zona morta de conforto, muitas vezes é mais doloroso do que o processo de autoconhecimento. E, ainda, o autoconhecimento nos liberta para vivermos a nossa verdade.
– seu projeto no empreendedorismo já te dá retornos financeiros? Se considera bem remunerada hoje?
Como eu concilio diversas funções, eu caminho na minha velocidade. Muitas vezes, caio na armadilha de me comparar aos que estão a frente e me frustro, mas a verdade é que cada um sabe da sua realidade. E então eu volto a focar no meu caminho e vou passo após passo.
Quando eu comecei, eu tinha um blog em que eu escrevia e queria ser remunerada por isso, apesar de ter a crença limitante de que isso era muito distante e até impossível. Pouco mais de um ano depois, eu sou remunerada por isso. Digo, pela visibilidade que eu ganho, a partir da minha escrita, que me proporciona novos contatos e clientes de Coaching e a partir dos meus infoprodutos e dos trabalhos como afiliada de produtos em que eu acredito. Ainda não atingi a minha meta maior, mas estou seguindo o meu caminho – passo após passo, rumo ao topo da montanha.
2 respostas
A vida passa rápido, vamos valorizar nosso tempo em tudo oque nos faz feliz. Abraço
Isso aí Dedé. Temos que buscar nossa felicidade. Abraço!