E hoje você pode conferir a segunda parte da entrevista com a Priscila Roma. Nela, a coach fala de sua carreira, como está sua jornada no empreendedorismo e como lida com a questão do medo de não dar certo. Ela também conta um pouco do que espera para o futuro e dá sua opinião sobre o motivo das pessoas não saírem de seus empregos, mesmo se estão infelizes. A entrevista foi dividida em duas partes, a primeira você pode ler clicando aqui, mas as duas estão com conteúdo indispensável para empreendedores e futuros empreendedores.
– já passou por dificuldades financeiras depois que tomou a decisão de seguir para o empreendedorismo?
Eu sempre fui uma pessoa muito econômica e, além disso, também faço constantemente meus planejamentos financeiros. Eu sigo a regra do não gastar mais do que ganha (risos) e organizo meu orçamento financeiro para investir também.
O começo no empreendedorismo traz, sem dúvida, muitas dificuldades, não só financeiras. Você está sempre enfrentando um novo desafio, se dedicando ao máximo, usando toda a sua criatividade, abdicando de outras coisas para que seus projetos caminhem.
E, sim, tive que apertar meu orçamento ao máximo nessa empreitada; tive que fazer escolhas. Antes o dinheiro que sobrava para comprar um sapato novo (as mulheres me entenderão! risos), por exemplo, foi revertido para material de trabalho (livros, cursos, publicidade). Isso por meses, em vários momentos.
Mas, o importante é que não me arrependo, nem nunca fiquei chateada. Eu nunca pensei no que estava deixando de ter, mas no que estava ganhando ou ganharia a partir do meu planejamento e do meu investimento. Sempre tive consciência de que isso era parte do processo de um projeto muito maior.
– como foi a transição da carreira? Teve muito medo ou foi mais tranquilo?
Eu não chamaria de transição, mas de ampliação, quando eu comecei a ver novos horizontes, novas possibilidades e não me limitar sem a menor necessidade.
Tive medo todos os dias e ainda tenho. A maior diferença é que eu tive que aprender a seguir em frente apesar dos meus medos. Eu aprendi a não fugir dos meus medos ou ignorá-los, mas a resolvê-los. Pode demorar, mas assim eu não corro o risco desse medo ressurgir maior e com mais força.
– como lida com essa questão do medo de não dar certo?
Quando compreendi que esse medo de não dar certo seria o grande responsável pelo meu fracasso, eu mudei a forma de pensar. Tudo começa com um pensamento e esse medo alimenta esse pensamento. Dá força a ele. Até que finalmente ele se realiza. Então, se você ficar pensando que não vai dar certo, você tem toda razão: não vai dar certo mesmo!
A gente tem que observar nossos pensamentos e substituir nossos pensamentos destrutivos por pensamentos prósperos. A gente não tem que ficar se perguntando se vai dar certo, mas como vai dar certo. Só essa mudança de perspectiva dá nova energia e abre novas portas para atingirmos nosso verdadeiro objetivo que é fazer dar certo.
– você trabalha em casa? como é tua rotina?
Atualmente, trabalho home office e eu digo que esse já é um grande desafio. É preciso ter organização e disciplina acima de tudo, senão a gente se perde em meio a todas as tarefas a serem desempenhadas no dia. Outro desafio é levar na esportiva aqueles que ainda acham que quem está em casa não trabalha – ou que está sempre de férias vendo sessão da tarde (risos).
Eu procuro ter uma rotina que recarregue minhas energias da melhor forma possível. Então, eu acordo cedo, faço meu caderno da gratidão, bebo bastante água ao longo do dia, faço exercício físico – nem que seja em casa mesmo: dançando, por exemplo -, faço minhas orações, durmo em torno de 7h/8h por noite. De resto, sigo minha agenda e meus cronogramas para cumprir todos prazos e realizar todas as minhas tarefas da melhor forma.
– a profissão coach está em evidência e boa parte das pessoas que quer empreender está entrando nessa profissão. O que você pode dizer sobre ser coach? Vale a pena investir nessa área?
Ser Coach como qualquer profissão é uma vocação, um chamado. Eu acho que vale a pena investir nessa área, quando se tem a certeza de que essa é a sua missão. Não apenas porque está “na moda” ou porque é possível ser bem remunerado. É uma profissão muito séria em que lidamos com vidas, metas e sonhos e é preciso ter muita seriedade, dedicação e responsabilidade. Eu, por exemplo, escolhi ser coach e o empreendedorismo surgiu como uma necessidade. Hoje sou apaixonada por ambos.
Mas, se uma pessoa quer empreender e não gosta ou não sabe ao certo se quer ser Coach, existe uma gama infinita de setores para empreender. Existe o mundo do empreendedorismo lá fora, em que é possível curar muitas dores das pessoas apenas encontrando uma forma de facilitar a vida delas. E isso também é fundamental para que as pessoas se sintam melhores e a sociedade funcione melhor.
– no futuro, pretende ter algum curso ou infoproduto para auxiliar os empreendedores?
Sim, sem dúvida, dividindo minhas experiências e o conhecimento que adquiri ao longo da jornada. Tenho um projeto, mas estou amadurecendo ele.
– qual o teu propósito de vida?
Por mais clichê que possa parecer: ser eu mesma, por mim mesma. Sim, é algo óbvio, mas extremamente raro. Se a gente não parar para se questionar, a gente passa a vida tentando ser alguém diferente de nós mesmos para atender expectativas sociais e alheias.
O grande problema é que quando não somos nós mesmos, ficamos frustrados, “reclamões”, deprimidos e obviamente não colocamos nosso melhor no mundo, até porque só conseguimos atrair coisas ruins. O único jeito de mudar toda essa dinâmica é quando nos entregamos ao nosso propósito de vida, porque aí sim a vida começa verdadeiramente a fazer sentido e, então, podemos impactar positivamente aqueles que estão à nossa volta.
– quais teus planos para o futuro?
Focar mais o meu presente. Paradoxal? Nem tanto. Eu passei muitos anos deslizando entre o meu passado e o meu futuro. Carregava o peso de 50 anos a frente nos ombros, com todas suas responsabilidades. Isso era muito pesado. Primeiro, porque eram responsabilidades demais; segundo, porque eu não podia agir no futuro; terceiro, porque eu me preocupava com coisas que eu nem sabia se iriam de fato acontecer.
Agora é claro que eu penso no futuro, mas eu não fico nele. Eu desejo cada vez trabalhar mais ajudando as pessoas, transformando vidas, vendo pessoas se sentirem felizes e realizadas e minha mensagem chegando cada vez a mais pessoas. De resto, eu cuido do meu presente, plantando as sementinhas e deixando o futuro para colher o que estou plantando.
– que dica você daria para uma pessoa que quer sair de seu emprego, mas tem medo que tudo dê errado?
Respeite os seus limites e supere-os. Parece meio contraditório, mas é isso mesmo. A gente deve conhecer nossos limites, observá-los e respeitá-los para não darmos um passo maior que a perna e nos arrependermos de termos tomado uma decisão impensada e precipitada. Ainda, devemos conhecer os limites dos nossos medos e trabalhá-los para que eles não sejam um empecilho para vencermos nossa zona de conforto.
Sabe aquele ditado “mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”? Então. Seu medo nesse momento pode ser esse inimigo, então não fuja dele, mas mantenha-o perto para compreendê-lo. Quando nós o compreendemos, podemos finalmente desconstruí-lo.
Desconstrua também suas crenças limitantes e pouco a pouco avance na direção do seu objetivo. Não importa mesmo se você vai rápido ou devagar. O que importa é que você inicie o movimento. Se você não puder largar o seu emprego, concilie com seu novo projeto. E, claro, observe a mentalidade, porque se sentir derrotado antes mesmo de começar nunca é a melhor opção. Acredite acima de tudo que você pode realizar o que quer que seja. O que vai fazer acontecer é a sua mentalidade e a sua postura frente a isso.
– se alguém lhe pedisse hoje se vale a pena se arriscar para empreender, o que você diria?
Dependeria de quem estivesse me perguntando (risos). Empreender não é glamour, não é brincadeira, não é fácil. Empreender é para os fortes! É ver seu projeto dar errado, chorar por 5 minutos e levantar e analisar todo o processo para refazê-lo. É insistir, é se dedicar, é escolher, é abrir mão.
Então, se alguém quer empreender por diversão ou por status ou por falta de opção, eu diria que provavelmente esse não é o melhor caminho. Mas, para quem quer entregar o seu melhor ao mundo, empreender vale muito a pena. Principalmente porque você vai sempre estar tão preocupado em colocar os seus projetos em funcionamento, com tanta paixão, que as dificuldades não vão ganhar espaço. Você passa a ver o mundo magicamente pelas lentes das oportunidades.
– para você, porque as pessoas tem tanto medo de saírem de seus empregos e arriscarem, mesmo que o trabalho atual seja horrível?
Porque a gente tem o péssimo hábito de acreditar que o pior estar por vir. A gente pode estar no fundo do poço, mas a gente sempre acha que dá para piorar. Então, acreditamos que é melhor continuar no nosso horrível conhecido do que ir para o horrível desconhecido. E é essa mentalidade que acaba com as nossas chances de prosperarmos.
Isso não faz o menor sentido, mas é assim que o nosso medo faz a gente pensar. Afinal, o que nos faria deixar o horrível para o maravilhoso? É que nós não acreditamos realmente que o maravilhoso possa estar lá nos esperando. Mas, está. E somente nós mesmos podemos mudar essa nossa forma de encarar a vida.
Não é porque todo mundo larga o emprego, que nós precisamos fazer o mesmo. Mas, nós sempre podemos sair da nossa zona de conforto e darmos o primeiro passo. Ainda que o primeiro passo seja continuar no mesmo emprego e planejar a saída. Ou continuar no emprego e tocar um projeto paralelo. Ou continuar no emprego e perceber o quanto do “não gostar” era coisa da sua cabeça. Existem infinitas possibilidades! Mas, ficar na zona de conforto vai ser sempre a mais confortável.
O importante é compreender que nem sempre estar confortável é o mesmo que estar feliz.
Conheça um pouco mais do trabalho da Priscila Roma:
Site: www.priscilaroma.com.br
Fan page: www.facebook.com/priscilaroma.blog
Youtube: bit.ly/youtubepriscilaroma
2 respostas
Olá Dieverson, parabéns pela entrevista!
A Priscila tocou num ponto muito importante, sobre a transição de empregado para empreendedor, tem muita gente sendo “modinha” com o coaching e o empreendedorismo, é necessário mesmo um trabalho sobre si mesmo, para que possamos compreender o que realmente queremos, e então nos lançarmos cotodas as forças.
Abraços.
Oi Viviane. Muito obrigado.
Esse ponto é importante mesmo. Temos que saber o que a gente quer para nossa vida antes de irmos com tudo.
Abraços!