Faz mais de um ano que posto com regularidade aqui no blog. O maior tempo que consegui manter essa constância desde 2014. Acho isso importante e confesso que se não fosse o “compromisso” criado de postar com regularidade, mais uma vez ficaria mais tempo sem postar. Inicialmente postava semanalmente. Até que percebi que seria muito difícil manter toda essa frequência e decidi publicar quinzenalmente.
Escrevo praticamente todos os dias. A questão não chega a ser falta de material. E sim que nem tudo que escrevo é para um texto aqui.
Mas voltando ao tema central, nos últimos dias pensei muito sobre toda essa questão da frequência de postagens. E qual assunto poderia trazer para o próximo texto. Até que veio justamente a ideia de falar sobre isso.
Porque é tão difícil manter essa constância em todas as áreas de nossa vida?
A prática diária
Admiro muito o canal de humor Porta dos Fundos. Não só pelos conteúdos, que são ótimos. Mas toda segunda, quinta e sábado, exatamente às 11h, sei que um novo vídeo será postado. Há anos existe esse compromisso público, que nunca foi deixado de lado. Parece simples, mas de fato não tem nada de simplicidade nisso. É muito trabalho e, especialmente, muita organização para conseguir dar conta.
A falha dessa continuidade do que nos propomos a fazer basicamente tem dois motivos: falta de compromisso e busca pela perfeição.
Quando você trabalha em uma empresa e seu chefe pede para que entregue um trabalho até determinado dia ou hora, você sabe que tem esse prazo. E é bem provável que antes mesmo do prazo acabar seja novamente cobrado. E com tanta pressão e a fim de evitar maiores incômodos, além de cumprir o estipulado, entrega o trabalho prometido no prazo.
Mas caso trabalhe por conta própria, não tenha exatamente um chefe e possa sempre deixar para amanhã, será que o resultado seria o mesmo? Provavelmente não.
O que acontece e muitos recomendam é justamente ter esse compromisso público. Assumir publicamente que vai fazer algo, entregar determinado material, publicar um livro, lançar uma música ou qualquer outro trabalho. O que pode funcionar para algumas pessoas, dependendo sempre de qual prazo também. Mas não é uma regra.
Ao mesmo tempo que pode funcionar, pode causar o efeito de te pressionar tanto que faz com que desista ou trave para produzir. Então é sempre importante avaliar com calma e sem nenhuma pressão o que funciona para você.
Há alguns anos, escrevia todas as terças para minha newsletter. Toda terça, sem exceção, um texto novo era enviado. Em determinado momento comecei a me sentir pressionado, avisei que não enviaria mais textos todas as terças e sim quando sentisse que tinha algo a compartilhar, e depois disso fiquei algum tempo sem produzir nada. Ou seja, fui aos dois extremos.
Ano passado também escrevia uma vez por semana, até sentir que talvez quinzenalmente fizesse mais sentido, a pressão em mim mesmo fosse menor e assim eu conseguisse lidar de forma mais tranquila com tudo isso. Você precisa de fato achar o seu equilíbrio nesse sentido.
Antes feito do que perfeito
A inspiradora Paula Quintão diz desde sempre a frase que levo comigo: antes feito do que perfeito.
Meu primeiro blog não saiu como eu esperava. Saiu da forma que era possível naquele momento. Fui ajustando depois. Nenhum texto que escrevo é perfeito. Publiquei meu livro e hoje faria várias coisas em relação a isso de forma diferente. Meu segundo livro ainda nem foi publicado e tenho certeza que depois de publicar vou olhar e pensar em pontos que poderiam ser aprimorados.
Mas se dependesse da perfeição, não teria feito nada disso até hoje.
Então a frase e o lema de vida “antes feito do que perfeito” faz total sentido. E é o que faz com que a constância deixe de ser cumprida em alguns momentos.
“Aquele trabalho poderia ficar melhor. Então vou refazer, ajustar o que precisa e só depois entregar.”
“Não me sinto pronto para ter um podcast, um blog ou canal no YouTube. Não tenho equipamento. Quando comprar tudo eu começo a fazer.”
“Tanta gente produzindo tão bem. Não sou tão bom assim.”
E por esses e outros motivos parecidos você trava, deixa de fazer o que poderia estar fazendo e não tira suas ideias do papel. Por isso manter a frequência, estar sempre presente no seu trabalho, se torna ainda mais desafiador.
Claro que toda essa situação vai depender de cada caso. Talvez um dos grandes problemas em nossa vida é a tal da expectativa. Criamos uma ideia muito forte de que vamos fazer determinada tarefa ou lidar com determinada situação e na maioria das vezes não vai sair como o esperado. Com isso nos frustramos e isso gera um ciclo de mal estar que obviamente só faz mal. Para começar, uma boa ideia é justamente não colocar tanta pressão e expectativa em cima do que se propôs a fazer.
Ter clareza do que está fazendo, por qual motivo e o que deseja alcançar também é uma excelente ideia para que fique mais fácil lidar com o dia a dia e se torne tranquila toda essa situação. Pare e pense, reflita sobre tudo que tem feito para que assim seja mais fácil seguir em frente.
E talvez a mais clichê das sugestões é de fato desacelerar. Sei que nem sempre é possível e algumas tarefas são obrigatórias em nossas vidas. Mas avalie também e veja se de fato não há nada que possa ser deixado para outro dia e assim você vai diminuindo a quantidade de demandas diárias.
Ou até mesmo pare tudo e comece novamente. Só que dessa vez de forma bem reduzida, dentro do possível e que caiba na sua realidade. Pequenas ações diárias podem fazer toda a diferença.
Lembre-se que a constância não é uma repetição, uma fórmula pronta que nos diz sempre como fazer, para seguirmos todos os dias exatamente as mesmas tarefas. Constância é seguir em frente, fazendo naquele dia o que precisa e o que é possível. Isso é se manter constante. A presença é um sinal da estabilidade.
Aprendi isso com a Paula Quintão e sempre lembro disso.
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