Olimpíadas, entretenimento e sucesso

Na última semana terminaram as Olimpíadas. Nessa edição eu acompanhei muito, mais do que imaginei e do que em outras edições. Tudo que foi disputado antes de 22h e depois de 6h30 eu estava assistindo. Meu foco não era o futebol ou vôlei. Os esportes que mais gostava de acompanhar eram atletismo, tênis de mesa, triatlo e polo aquático. Mas acompanhava o que estava passando ao vivo no momento que estava na frente da TV. Gosto muito de qualquer tipo de competição.

Aproveitei que trabalho em casa e tenho um trabalho flexível e com isso consegui acompanhar muito mais competições e por mais tempo. Muitas vezes estava com o notebook no colo trabalhando e assistindo alguma competição ao mesmo tempo. Faz parte.

Fiquei triste por ter acabado e estou até pensando se não tiro uma espécie de “férias” no ano que vem para assistir a Copa do Mundo. Ainda tem tempo para um planejamento desse tipo, então estou pensando.

Mas toda essa situação me lembrou de um tema que sempre é lembrado nesses momentos. O de que pessoas que “perdem tempo” assistindo esportes, jogando videogame ou qualquer atividade como essa não terão sucesso. Que o sucesso só vem com muito trabalho, esforço e dedicação extremas a esse objetivo.

Em primeiro lugar, temos que ter em mente que o conceito de sucesso é diferente para qualquer pessoa. Para alguns pode ser um milhão de reais na conta, para outros pode ser apenas uma vida tranquila. Há quem considere sucesso morar na praia ou no meio do mato e também quem prefere não ficar pensando tanto nisso e apenas viver o dia a dia. E todas as opções estão certas. Não existe uma melhor do que a outra.

Porque somos pessoas únicas e cada pessoa pensa de forma diferente.


Assistir esportes te dá menos chance de sucesso



Eu queria só entender a lógica de quem pensa dessa forma. Ok, então sábado ou domingo a pessoa está lá e em vez de ficar um pouco relaxando, descansando a cabeça da semana muitas vezes difícil que teve, deveria passar o tempo todo estudando e trabalhando em busca do sucesso. Não vejo problema em ler, estudar, trabalhar no final de semana. Mas o tempo todo? Nesse caso vejo problema sim.

Seu cérebro não vai mais funcionar direito depois de um tempo. Seu estresse estará ainda mais alto. Você ficará mais impaciente com tudo ao seu redor. Tudo porque grandes pensadores da atualidade não gostam de esportes ou não assistem e querem que você siga o mesmo caminho.

A cultura de trabalhar, trabalhar e somente trabalhar que está sendo criada com todos esses especialistas em alguma coisa que querem que as pessoas acreditem e levem a sério todos esses discursos já estão mostrando resultados nada agradáveis. Pessoas com burnout, esgotadas fisicamente, emocionalmente e tristes com os rumos das suas vidas.

Trabalhar é bom e necessário, é importante. Mas tudo tem um limite. É totalmente aceitável e recomendável descansar, assistir o que quiser na televisão, sair com amigos (quando acabar a pandemia) e distrair a cabeça da forma que achar mais interessante. Mais uma vez, cada pessoa vai saber de que forma isso é melhor para sua vida.

A questão do vício


Outro ponto levantado quando entramos nesse assunto, especialmente na questão do videogame, é o vício. Pessoas viciadas, além de estarem prejudicando suas vidas e sua saúde, também estão cada vez mais longe do tão desejado sucesso. Encontrei textos de pessoas falando sobre isso e o quanto parar com a prática fez bem. Em nenhum momento falou de sucesso, prosperidade ou qualquer outra palavra bonita. Mas sim que ao se livrar de um vício que se tornou um problema, a vida acabou melhorando.

É óbvio que não podemos ignorar a saúde e problemas desse tipo. Uma pessoa viciada, seja em jogos ou em drogas e álcool, precisa de ajuda. Precisa melhorar para voltar a ter uma vida tranquila e saudável.

O fato é que a maioria das pessoas não é viciada. Apenas quer se distrair e usa o que se diverte mais como distração. Tenho amigos que jogam videogame e futebol aos sábados que são pessoas muito tranquilas, divertidas e que não tem menos “sucesso” por conta disso.

Sempre importante lembrar que cada pessoa é única. Parece tão óbvio, mas nesse mundo de profissionais performáticos para todo o lado acho cada vez mais importante dizer isso.


Entretenimento vazio


O que também posso trazer para essa reflexão é a questão do entretenimento vazio. Eu sou um grande fã e defensor desse entretenimento e discuto com pessoas (de forma saudável, claro) que não aceitam ou não concordam para refletir sempre mais sobre o assunto.

Eu vejo pegadinhas no YouTube. Sim, até hoje, com 30 anos, eu assisto e gosto. Sou um grande admirador da saga Missão: Impossível, gosto dos filmes do Jason Statham, assisto filmes do Sylvester Stallone e já vi o último filme do Jean-Claude Van Damme, lançado recentemente na Netflix.

Tudo normal até então. Cada um com seus gostos para ver filmes e séries, ouvir música. Existem filmes para rir, para chorar, se emocionar, refletir. Músicas da mesma forma. Eu prefiro sempre algo mais animado ou que seja possível refletir. Acabo optando por conteúdos animados na maior parte do tempo.

Mas por se tratar de um entretenimento “vazio”, não é bem assim. Não parece culto e bacana ver um vídeo só para esvaziar a cabeça no YouTube. Assim como assistir futebol é perder tempo.

Vivemos um momento que até o que fazemos para distrair a cabeça é motivo de julgamentos. O que só torna tudo mais difícil de certa forma. Além de ser fonte de julgamentos também é motivo de algumas pessoas apontarem como a razão de você não ter sucesso. Me senti cansado só de escrever isso agora.


Quer ajudar o próximo? Respire fundo antes


Eu entendo você que está lendo esse texto e pode estar pensando que só quer ajudar as pessoas a serem melhores. Entendo mesmo. Mas te digo com toda a certeza e depois de muito sofrer com isso também: você só consegue ajudar quem aceita ajuda.

Caso contrário, não serve para nada toda a sua vontade de ajudar. Então se você acha que está ajudando ou sente que quer ajudar dessa forma, primeiro veja se a pessoa pediu sua ajuda.

Claro que queremos o bem das pessoas, mas algumas vezes elas ainda estão em um processo interno e não prontas para receber qualquer tipo de ajuda. Vai ser perda de tempo e energia de nossa parte. Então entenda isso antes de dar o próximo passo.


Entenda e aceite também que cada pessoa vai se divertir e usar o entretenimento da forma que achar melhor. E não tem nada de errado nisso. Algumas preferem ler um livro de finanças e empreendedorismo. Outras preferem um romance. Mas também tem pessoas que preferem ver futebol, jogar videogame ou assistir vídeos de gatinhos no YouTube. E não há problema algum nisso.

Vamos parar de julgar as atitudes e escolhas do próximo que nossa vida vai ser sempre melhor sem esse tipo de atitude.


E talvez eu te decepcione agora. Mas é totalmente possível jogar videogame, assistir jogos de futebol ou qualquer outro esporte, ver vídeos de bobagem na internet e mesmo assim ter sucesso, independente do que essa palavra signifique para cada pessoa.

Não é necessário abdicar da diversão e do entretenimento para ter algum tipo de sucesso na vida. Isso certamente é algo inventado recentemente.



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2 respostas

  1. Concordo com tudo isso, Dieverson! Acho que cada um tem sua válvula de escape e temos que respeitar os gostos de cada um! Claro que respeitando o espaço de quem está próximo 🙂

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Olá. Meu nome é Dieverson Colombo, tenho 32 anos e definitivamente não consigo me apresentar em poucas palavras. Mas para você não ficar mais confuso, posso te dizer que me formei em jornalismo, já fiz muita coisa para conseguir pagar as contas, sou escritor e publiquei meu primeiro livro em 2019. Também gosto muito de ouvir e produzir podcasts e por isso você vai encontrar conteúdos nesse formato por aqui.

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