Escrevo esse texto em um momento difícil e oportuno. Se você ler depois do segundo turno das eleições, sei que continuará fazendo sentido.
Mas talvez te faça refletir de forma mais profunda nesse momento.
Nos últimos dias tivemos a eleição mais difícil, tensa e complexa desde a redemocratização. Difícil descrever em palavras o que aconteceu e o que ainda vai acontecer.
Mas de fato vivemos um momento muito estranho e assustador em alguns pontos.
O que para prejudicar a saúde mental é a mais fácil porta de entrada.
Não enlouquecer parece uma ideia interessante. Mas muito difícil.
Claro, se você acompanha política e acompanhou minimamente os resultados, quem ganhou para deputados e senadores e o quanto, ao ver alguns desses nomes, a reação é de perplexidade.
Você pode até ter esperança que a situação do país vai melhorar, mas pelo que vejo a maior parte das pessoas não está com toda essa positividade. Mas é claro que antes de tudo isso o que de fato precisamos, por mais que seja egoísta e individualista, é pensar na nossa saúde mental.
E com isso vem a ideia que deu título a esse texto e me fez querer conversar e refletir nessa semana. Quem sabe uma boa ideia seja, de fato, sair das redes sociais. Você pode argumentar que ao deixar de acompanhar, estaremos esquecendo de pensar no coletivo ou de tomar as melhores decisões na hora do voto.
É bem provável que você já saiba em quem vai votar no segundo turno. Já sabemos a realidade e as possibilidades estão expostas.
No domingo, enquanto acompanhava a apuração, tive um misto de sentimentos. Todos eles negativos. Uma angústia, uma tristeza e uma sensação de não acreditar no que estava acontecendo. Entrei no Instagram e uma amiga comentou que era momento de desligar a TV e fazer algo para nós mesmos, como ver algum filme ou série. Distrair a mente. Confesso que não consegui. Estava muito envolvido.
Mas hoje, alguns dias depois, sei que ela estava certa. Não devemos ser alienados de tudo o que acontece. Mas nossa saúde mental precisa ser prioridade em um momento tão tenso como o que estamos vivendo.
Redes sociais servem como distração e formas de ver, acompanhar o que amigos e pessoas que gostamos estão fazendo. Mas nos últimos dias, com todo o ambiente eleitoral, o que mais tenho visto são discursos de ódio, raiva e ignorância nos mais variados níveis.
O cientista Jason Lanier escreveu o excelente livro “Dez argumentos para você deletar agora as suas redes sociais“. Todos os argumentos são muito convincentes e você termina a leitura pensando mesmo em excluir tudo para ter uma vida melhor.
Sem dar spoiler, mas o segundo argumento que ele analisa é que para resistir à insanidade dos nossos tempos, sair das redes sociais é uma boa alternativa. E no nono argumento a avaliação é que as redes sociais tornam a política impossível, o que de fato cada vez mais é comprovado. Essa obra é uma leitura obrigatória se você está mal com toda essa situação e quer ficar mais tranquilo com relação a tudo que está acontecendo. Deixo aqui minha sugestão.
Mas e quem depende das redes sociais?
Essa é quem sabe a pergunta sem uma resposta muito exata. Diferente de Lanier, que consegue viver sem elas e isso não chega a ser um problema em sua vida, hoje uma parte considerável da população depende da internet para trabalhar.
Trabalho pela internet desde 2014 e não posso simplesmente deixar de usar redes sociais. Por mais que queira, faz parte do meu trabalho, do meu dia a dia.
O que pensei muito depois de domingo e compartilho com você é que, de fato, preciso dar um tempo. Não vou deixar de escrever, postar meus textos ou algo do tipo. Já avisei pessoas próximas que me avisem caso queiram conversar, pois estarei mais ausente. E espero de coração que isso me ajude.
Tenho silenciado algumas pessoas que sigo e denunciado discursos de ódio. Quero deixar claro que independe do candidato. O ódio e a raiva, esse discurso de falar mal de alguém porque vota em X ou Y, não leva a lugar nenhum.
Só briga e mais briga. Acredito ser uma boa saída, além de silenciar algumas pessoas que estão falando muito de política. E também, a melhor das saídas, se possível, é entrar cada vez menos nas redes sociais. Se possível nem entrar. Mas sabemos o quanto é difícil.
Vivemos um momento mega complexo
A democracia pode não estar em risco, mas não estamos conseguindo construir um ambiente tranquilo, focado em propostas e oportunidades de tornar esse país que estamos em um local onde todos podem ter sua opinião e sua voz sem maiores problemas. Todos querem um lugar melhor para viver e isso está sendo deixado de lado faz tempo, o que muito me assusta.
Por isso talvez a ideia de sair/dar um tempo das redes sociais faça sentido.
Precisamos sim pensar no coletivo. Sempre. Isso faz com que sejamos pessoas melhores, com empatia, amor e respeito ao próximo. Mas nada disso é possível com a saúde mental despedaçada.
Esse não é um anúncio de saída de redes sociais. Apenas uma reflexão muito forte e que pode servir não só para as eleições, mas para outros momentos tensos e difíceis que temos passado em nosso país.
Espero que você pense bem no seu voto, vote consciente e saiba o que significa e o poder do seu voto. Mas até dia 30, tente cuidar mais de você um pouquinho. Vá fazer um passeio, comer aquela comida que gosta, sair com amigos, conversar sobre assuntos que não envolvam política e tranquilizar sua mente. Isso vai ser muito importante!
Se você gosta dos meus textos e do conteúdo aqui do blog, considere me apoiar. Criei uma campanha no Catarse que tem mais informações. A partir de R$5 você já consegue fazer seu apoio.
Aqui o link com todas as informações: catarse.me/dieversoncolombo