Essa semana conversei com uma amiga querida e, entre os assuntos, falamos sobre as dificuldades de fazer novos amigos e se relacionar depois dos 30 anos. Não que a idade seja um problema. Mas é fato que tem algumas diferenças que começamos a perceber mais.
Tenho poucos amigos e a maioria deles conheço há mais de 10 anos, o que mostra a dificuldade de fazer novas amizades. É possível que você passe por isso também.
Com muito mais maturidade e experiências, ficamos mais seletivos, o que pode até dificultar esse processo. Entenda que não estou falando de relacionamentos afetivos, mas de todos os tipos, incluindo esse.
Pelo fato de nos conhecermos muito mais, já sabemos de muitas coisas que queremos e também do que não suportamos ao conviver com as pessoas. E isso facilita muito, claro, ao mesmo tempo que também limita a chance de ter novos amigos ou se relacionar afetivamente.
Mas será que então temos que abrir mão dos nossos pontos de vista e opiniões para assim ter uma vida social com a presença de mais pessoas? Também não vejo como uma resposta simples. Vamos precisar sim abrir mão de algumas coisas, mas não podemos perder a essência e começarmos a ignorar nosso jeito de ser apenas para ter pessoas ao redor. Em algum momento essa conta vai chegar e o arrependimento vai bater.
Seja você mesmo e se divirta no caminho
Pode parecer estranho falar isso, mas como disse também em outro texto, um dos nossos maiores problemas é criar expectativas. Então a partir do momento que conseguimos lidar melhor com isso, as situações do dia a dia vão ficar mais fáceis. É claro que não ter nenhuma expectativa é praticamente impossível, mas com o tempo vamos entendendo de que forma lidar com essas emoções.
Com 30 anos ou mais começamos a perceber que o melhor é sempre ser sincero e honesto com os sentimentos e o que estamos buscando. Isso pode parecer estranho em um primeiro momento, mas é sempre o melhor caminho.
Ao mesmo tempo, ao deixar toda essa pressão da expectativa de lado, conseguimos concentrar no que mais interessa ao conhecer novas pessoas, que é de fato se divertir e aproveitar bons momentos. Em vez de focar em benefícios ou vantagens de sair com determinada pessoa, problemas que podem vir a acontecer ou pontos negativos de alguma amizade, fica muito mais fácil focar nas coisas boas e no lado que vai tornar todo o convívio social mais agradável e harmonioso.
Por que é mais desafiador fazer amizades depois que somos adultos?
Fiz essa pergunta para minha amiga e escritora Priscilla Panizzon, que trabalha com Sagrado Feminino e é autora do blog e livro Toda Mulher é Sagrada. A Pri é uma pessoa que já estudou muito sobre esses assuntos e aprendo sempre que converso com ela.
“Justamente porque crescemos. Quem tem a coragem de amadurecer, percebe que agora o amigo que a gente busca não é mais só aquele para beber cerveja. É um amigo que vai nos escutar quando a gente falar “Tô com medo…”, que vai abrir um espumante quando a gente falar “Realizei um sonho!” e que também vai dizer “Cara, acorda, tu tá fazendo merd@.”
Sem julgar. Ou quase sem julgar, porque somos humanos. Na adolescência, também tínhamos nossas questões, mas agora subimos um nível. E esse nível também tem que subir quando falamos de amizade.”
Um ponto importante que ela disse é que se procurarmos novos amigos nos mesmos lugares e da mesma forma de antes isso não vai adiantar. Para que isso seja possível, precisamos sair da zona de conforto, o que é muito desafiador para todos.
”Além disso, também talvez seja desafiador porque requer que a gente volte à nossa criança interior, no sentido de que para ela explorar e se abrir a novas experiências era natural. Sem medo do julgamento. Como adultos, também desejamos dar “Oi!” para novas pessoas, mas agora carregamos tantas crenças e condicionamentos que já pensamos que essa pessoa vai nos julgar de mil e uma formas. E aí nos limitamos…”
Eu aprendo muito sempre que tenho essas trocas com as pessoas. E sei que você que está lendo também vai aprender e refletir junto com a gente. É desafiador fazer amizades ou se relacionar na fase adulta, depois dos 30 anos e também depois dos 40, 50, 60. Mas, como a Priscilla disse, é uma ótima oportunidade para escolhermos com mais consciência com quem queremos nos relacionar.
“Talvez envolva aceitar que a qualidade supera a quantidade, pelo menos por um tempo. Mas com certeza, se existe a vontade de fazer novos amigos é porque eles já estão por aí, basta se abrir a eles. À vida.”
Precisamos sair da zona de conforto
O que a Priscilla disse faz total sentido. E é fato que se queremos conhecer novas pessoas, seja para uma amizade ou qualquer outro tipo de relacionamento, precisamos de alguma forma sair de nossa zona de conforto. Pode ser estranho no início, desagradável, mas ao mesmo tempo vai nos reservar grandes surpresas e bons momentos.
E a vida é feita de bons momentos e boas lembranças. O que temos a perder? Que com esse texto você consiga refletir um pouco melhor caso também esteja passando por essa dificuldade. E que seja mais tranquilo lidar com toda essa situação.
Se você gosta dos meus textos e do conteúdo aqui do blog, considere me apoiar. Criei uma campanha no Catarse que tem mais informações. A partir de R$5 você já consegue fazer seu apoio.
Aqui o link com todas as informações: catarse.me/dieversoncolombo