Preciso confessar que, sim, sou uma pessoa com vícios. Alguns não muito bons inclusive. Tenho um vício de anos e anos em remédios. Tomo mais bebida alcóolica do que gostaria. E sou extremamente viciado em doces. A combinação dos três vícios não é muito boa para o organismo, mas é a minha realidade e diariamente preciso lidar com isso de várias formas.
É claro que o termo vício já é pejorativo, mas de fato é um tema delicado e difícil de falar. Todos nós já nos sentimos viciados em algo em algum momento da vida. Então esse texto faz sentido para qualquer pessoa.
Podemos ser viciados em chocolate, em comida, em algumas atitudes ou até mesmo casos piores como álcool, cigarro e drogas. Reconhecer que está viciado já não é algo simples e fácil. Então sair dele, deixar de ser viciado, muito menos.
Alguns vícios são mais toleráveis do que outros e tudo isso dificulta de certa forma a conversa sobre esse tema. Mas vamos tentar trazer às claras de uma forma amigável e com sensibilidade esse tema tão importante.
A anatomia do vício
No dia quatro de outubro de 2021 milhões de pessoas sentiram na pele a questão do vício. E não foi por pouco tempo. Foi o dia em que o Facebook e o WhatsApp ficaram quase sete horas inativos. Quem usa o telegram não sofreu tanto. Mesmo assim, um dia todo sem ver Stories do seu influencer favorito pode ser bem desafiador.
Essa é a mais recente dependência, o mais recente vício que podemos ter: a internet.
A maioria das pessoas já precisa usar, especialmente para trabalho. Mas quando o uso se torna acima da média, é motivo para acender um sinal de alerta. Prejuízos na vida social e pessoal ou a dificuldade de reduzir ou interromper esse comportamento são tão difíceis como parar de fumar ou beber.
Tudo começa de forma leve e despretensiosa. Você está em casa, com amigos ou em qualquer lugar e resolve, por exemplo, beber um pouco. Isso vai te deixar relaxado, liberar cargas de dopamina e dar uma ótima sensação de bem-estar.
Até então tudo normal. Com o tempo, seu organismo vai se acostumando com o que ingere e precisando de cada vez mais para produzir o mesmo efeito que produzia anteriormente. Passado mais um tempo, você fica um ou dois dias sem o que estava ingerindo e a famosa abstinência bate na sua porta. Sintomas físicos e psicológicos começam a aparecer de forma mais intensa.
Você bebe e pensa em diminuir o consumo, mas passa na frente de um bar e sente vontade. Ou talvez seja fumante tentando parar de fumar, mas ao ver alguém fumando já sente aquela leve vontade de retomar o hábito. E assim, em poucos passos, já foi criado um vício.
Agora o problema é lidar com ele de forma que não prejudique sua vida. Ou até mesmo sair dele, se esse for seu desejo.
E aí que esse problema pode se tornar ainda maior do que já é.
O vício nosso de cada dia
Sou uma pessoa viciada em remédios. Tomo analgésicos todos os dias, muito mais do que gostaria. Gasto muito mais do que gostaria também. Sei dos males que isso pode causar no meu corpo, mas sigo tomando. Já tentei inúmeras vezes, de todas as formas possíveis, diminuir o consumo. Nunca consegui. Parar nem é uma possibilidade que passa pela minha cabeça.
Tenho dores de cabeça diariamente e somente com analgésicos consigo passar o meu dia.
Também tenho o vício em doces. Se deixar uma barra de chocolate ou caixa de bombom na minha frente, em poucos minutos como tudo. Não consigo guardar em casa. Só compro quando vou comer e tenho tentado cada vez menos comprar.
Já a bebida está indo para esse mesmo caminho. Tento não ter em casa para beber menos e só beber quando estiver em algum evento especial ou socializando com amigos.
Nos três casos, a abstinência já se mostrou presente em várias e várias situações. Especialmente com os remédios.
Não é incomum ouvirmos de alguém que sabe disso que com força de vontade é fácil se livrar dos vícios e seguir em frente. Essa é a pior coisa que podemos ouvir sem dúvida alguma. Pois além de não ser a saída mágica para os problemas, mostra a falta de sensibilidade da outra pessoa com a sua situação.
Alguns vícios são mais criticados, como o álcool e o cigarro. Especialmente porque acabam interferindo na vida do próximo de forma mais direta. Outros vícios também interferem, mas esses são mais visíveis. A pessoa que bebe pode sair dirigindo e sofrer um acidente, ser uma companhia chata por estar muito bêbada. Já quem fuma tem a questão do cheiro e da fumaça de cigarro que deixa indignada qualquer pessoa que não fume. Até por isso acabam se tornando vícios mais fáceis de serem criticados.
O primeiro passo para acabar com um vício
Motivos não faltam quando você pesquisar sobre os males dos vícios na sua vida. Sua saúde será prejudicada, sua qualidade de vida, seu trabalho, seu relacionamento com família e amigos. E todo viciado, em algum momento, já parou para pensar e sabe que isso de fato é um problema, mas que nem sempre fácil de ser solucionado.
Então a partir do momento que a consciência é criada, qual o primeiro passo para de fato se livrar de um vício? Diria que a terapia sempre vai ajudar em qualquer situação, inclusive em uma questão como essa. O que é um ótimo começo.
De todas as possíveis dicas que você vai encontrar na internet, acredito que a primeira e principal delas de fato é ter consciência desse vício. Saber que é um problema e que você pode e deve se tratar sem ser nenhum demérito para a sua vida. Uma ajuda profissional, como uma terapia, pode ser uma ótima alternativa para que fique mais fácil lidar com toda a situação envolvendo seu vício.
E indico aqui de coração a escrita. Pare um dia sozinho, sem barulho externo, talvez com sua música preferida, e escreva sobre seu vício, os problemas que ele já te trouxe, as vantagens que você teria se não fosse mais viciado. Sem julgamentos, sem estar se importando se vai chorar ou não. Um momento só seu.
Uma escrita terapêutica, aquilo que ninguém além de você vai ler e que vai te fazer muito bem. É uma forma de você encarar seus problemas, refletir, chorar se necessário e pensar em tudo que tem feito e pode fazer em relação ao assunto.
Talvez esse seja o primeiro passo e te ajude. Talvez não. Mas só tentando podemos ter uma resposta mais exata. Concorda? Então se você já tem a consciência, não custa de fato tentar e ver como vai ser sua vida depois disso. Quem sabe não seja o início do fim de um vício que tanto te incomoda.
E quem sabe esse texto seja o início de uma importante e necessária conversa sobre esse assunto. Esse foi meu objetivo!
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