Um papo sobre interesses

Em 2018 uma pessoa me procurou. Não era um amigo ainda, apenas um conhecido. Queria ajuda com um assunto relacionado ao trabalho. Aceitei ajudar sem nem pensar duas vezes. Afinal, que mal teria isso?

Pelos próximos meses, até o projeto ser concluído, nos falamos quase todos os dias. Longas conversas, um auxílio aqui e outro ali. Sentia que uma nova e bonita amizade estava se formando. Eu, que não tenho muitos amigos, estava animado com essa nova amizade/parceria.

Pelas próximas semanas, além das conversas rápidas, nos reunimos três ou quatro vezes em videochamadas para aprofundar alguns assuntos relacionados com a minha ajuda. Nessas reuniões acabamos falando de tudo um pouco, vida pessoal, futuro e ficamos longas horas conversando, sem ver o tempo passar.

Era ótimo. Uma conexão e uma amizade que há muito tempo não tinha. Estava feliz por estar ajudando e pela nova amizade que se formava.

O tempo foi passando e a entrega do projeto desse meu novo amigo se aproximava. Sempre me colocava à disposição e pedia se ele precisava de ajuda. Auxiliei em algumas questões pontuais e de forma bem-sucedida a entrega do projeto foi feita. Só alegria. Me sentia feliz por ter contribuído para isso de alguma forma.

Passa o tempo e seguimos conversando. A amizade continua. Conversamos até sobre criarmos um projeto juntos. Uma nova empresa focada no nosso trabalho de marketing e comunicação.

Ideias borbulhavam na cabeça e a motivação que de certa forma estava esquecida, para qualquer área da vida, volta com força.

Seguem as conversas, passam aproximadamente dois meses e esse meu amigo diz que por alguns motivos não vai seguir com o nosso projeto. Fico triste, claro, mas tudo certo. Faz parte da vida. Não foi uma conversa tensa e que teve briga ou algo do tipo. Apenas conversamos e foi decidido não continuar com a ideia.

Eis que então, depois dessa conversa, surge um afastamento. Praticamente não nos falamos mais. Apenas dou um retorno para ele sobre o que achei do projeto no ar, parabenizo pela iniciativa. E as longas conversas, a possível nova amizade que estava surgindo, é esquecida. Voltamos a ser meros conhecidos, que um sabe que o outro existe, mas nada mais.


Quando acaba o interesse, acaba a amizade


Pode parecer muito triste isso (e é mesmo), mas as pessoas têm interesses. Essa história acima que realmente aconteceu comigo é um exemplo. E antes que pense que foi um caso isolado, não foi a única vez que isso aconteceu.

Uma pessoa se aproxima pedindo ajuda. Eu, como uma pessoa gentil e que gosta de ajudar, aceito e ajudo com o maior prazer. Sinto que uma nova conexão, uma amizade está se criando. Mas a minha presença na vida da outra pessoa só acontece até a minha ajuda ser necessária.

Depois, de leve e sem muitas explicações, ocorre o afastamento. Em um primeiro momento as ideias sobre isso pensam que pode ser a vida muito corrida, outros compromissos ou algo do tipo. Mas mesmo que não seja de forma consciente, o interesse pela outra pessoa acabou e o afastamento foi iniciado. Então a amizade bonita que estava em construção acaba junto com o interesse sobre determinado assunto, já que não é mais necessário.

Sem dúvida alguma é triste escrever isso, pensar nisso, fazer esse tipo de constatação. E não estou me fazendo de coitado e querendo a sua atenção e piedade. Apenas refletindo sobre esse assunto e escrevendo para conversar com você sobre esse tema. É claro que no meio do caminho temos algumas exceções, mas sei que de algum modo isso já aconteceu com você e o quanto te chateou essa situação.


O problema da expectativa


O que acontece é que não devemos criar expectativas em cima de nenhum assunto. Sei o quanto isso é praticamente impossível, por mais que a gente tente. Mas de uma forma ou outra acabamos criando e, quanto maior a expectativa, maior a frustração.

Nós também temos nossos interesses e buscamos pessoas para pedir ajuda. E não podemos ser responsáveis ou lidar com a expectativa delas. Mas confesso que esse tema no geral é muito frustrante.

Tenho bom coração, gosto de conversar, quero ajudar as pessoas e ter novos amigos. E automaticamente crio expectativas em torno disso, o que você também pode estar fazendo. Mas talvez um possível caminho para não sofrer tanto com isso seja justamente esse, de não criar expectativa.

Trabalhar melhor isso com a gente mesmo e entender que não é algo que podemos controlar, muito menos fácil de lidar. Já sofri muito com isso e possivelmente você que está lendo também. Precisamos encontrar um caminho para diminuir o sofrimento e talvez seja esse.

Claro que se a amizade continuar depois disso, é ótimo. E claro que não devemos nós mesmos nos afastarmos somente por lembrar de que é justamente esse afastamento que vai acontecer. Vai depender de cada caso.

O que fica para pensar é a análise se realmente as pessoas só se aproximam por interesse ou se eu que estou viajando com essa ideia. Me responda e continuamos essa conversa.



Se você gosta dos meus textos e do conteúdo aqui do blog, considere me apoiar. Criei uma campanha no Catarse que tem mais informações. A partir de R$5 você já consegue fazer seu apoio.
Aqui o link com todas as informações: catarse.me/dieversoncolombo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Olá. Meu nome é Dieverson Colombo, tenho 32 anos e definitivamente não consigo me apresentar em poucas palavras. Mas para você não ficar mais confuso, posso te dizer que me formei em jornalismo, já fiz muita coisa para conseguir pagar as contas, sou escritor e publiquei meu primeiro livro em 2019. Também gosto muito de ouvir e produzir podcasts e por isso você vai encontrar conteúdos nesse formato por aqui.

ENCONTRE SEUS INTERESSES:

Fale comigo